Filme proibido por mais de uma década por sua crítica aberta ao sistema comunista do pós-guerra na Hungria, A Testemunha, de Péter Bacsó, alcançou a estatura de filme cult em seu país de origem, ganhando a fama de uma das melhores sátiras sobre o regime comunista. A Testemunha consiste numa obra clássica da filmografia húngara, cuja repercussão também se deu no exterior quando finalmente foi lançado anos depois, inclusive com ampla aceitação no Festival de Cannes de 1981.
O filme se passa durante a era política de Rákosi, quando o comunismo magiar se espelhava no regime Stalinista, seguindo a vida do pacato encarregado do dique local, József Pelikán, que é processado pelo Estado por matar ilegalmente seu porco (nesse tempo, as políticas de racionalização e coletivização dos recursos exigiam o controle sobre os alimentos). Preso por seu delito, em meio a absurdas idas e vindas burocráticas, Pelikán recebe do sistema uma segunda chance caso testemunhe – diga-se, minta – contra um suposto inimigo de estado. Impagável.