Star Wars - O Despertar da Força

 Star Wars possui alguns fatores que o destacam entre outras franquias do cinema e contribuem para o seu sucesso. A história simples mergulhada em um universo inovador, a narrativa empolgante e de fácil entendimento, o tom descontraído e engraçado são apenas alguns deles, e, é claro, os personagens da série também contribuem significativamente para o seu sucesso. Dirigido por J. J. Abrams, O despertar da Força traz novos personagens que conquistam o público e dão um ar novo à série, além de resgatar a nostalgia da trilogia original.

Trinta anos se passaram após a queda do Império e agora a galáxia enfrenta uma nova ameaça: a Primeira Ordem. Tentando a todo custo encontrar Luke Skywalker (Mark Hamill), o vilão Kylo Ren (Adam Driver) sai em busca do droide BB-8, que possuiria o mapa com a localização de Luke. No entanto, o pequeno droide está nas mãos da jovem Rey (Daisy Ridley) e do ex-stormtrooper Finn (John Boyega), que também se dedicam a não deixar o mapa cair nas mãos da Primeira Ordem.

Com o roteiro de J. J. Abrams e Lawrence Kasdan, O despertar da Força utiliza uma narrativa bem parecida com a de Uma nova esperança, causando nostalgia por meio de algumas falas e cenas que remetem a trilogia original: a banda da cantina, a mensagem importante que fica escondida no droide, a relação entre Rey e Han Solo se assemelha a de Luke e Obi-Wan, a nova “Estrela da Morte”, entre outras. Essa “repaginação” da narrativa utilizada por Abrams pode ter como objetivo não só colocar o fã antigo de Star Wars de volta no universo já conhecido, mas também funciona como um passo seguro para desenvolver uma história nova. 

O despertar da Força se mostra efetivo ao inserir novamente os personagens originais da franquia, mas sem colocá-los em destaque o tempo inteiro. Um dos trunfos do sétimo filme – e da franquia como um todo – é criar novos personagens que geram empatia e se tornam importantes por causa de suas histórias pessoais. Se antes o lado negro da Força era marcado pela figura de Darth Vader, agora somos apresentados a Kylo Ren, um contraponto interessante à personalidade fria e calculista de Vader. Utilizando uma máscara que também modula sua voz – mesmo não tendo utilidade prática, servindo apenas para intimidar –, Ren teme não chegar ao nível de Vader e apresenta uma postura mais impulsiva, que acaba por expor suas dúvidas e inseguranças. No lado da luz, temos Rey e Finn, que assumem os papéis principais e ambos têm um desempenho incrível. A relação de amizade e a dinâmica entre os dois proporcionam diversos momentos engraçados e dramáticos. Além disso, a independência e personalidade forte de Rey a tornam uma personagem feminina interessante e bem resolvida. O humor com timing acertado permeia o filme inteiro, e cada personagem recebe o tempo de tela necessário sem que nenhum seja negligenciado – ainda que a Capitã Phasma (Gwendoline Christie) seja pouco utilizada. É ainda mais louvável podermos ver uma mulher e um homem negro como protagonistas de Star Wars, algo sem precedentes. E se isso não fosse suficiente, temos um latino, Poe Dameron (Oscar Isaac), o melhor piloto da Resistência, para completar o elenco principal. 

O design de produção de Rick Carter e Darren Gilford segue o que foi estabelecido na trilogia original e mantém a estética futurista, mas com aspecto sujo e desgastado. Outro ponto interessante foi a decisão de não abusar dos efeitos especiais computadorizados – algo utilizado à exaustão na trilogia mais recente – e apostar em efeitos práticos, produzindo criaturas à mão, o que garantiu mais veracidade às cenas. O diretor de fotografia Daniel Mindel se une à J. J. Abrams pela terceira vez e filma diversos planos inspirados na trilogia original, mas também adiciona elementos novos à fotografia, como os já conhecidos flares que Abrams adora, e também é inteligente ao utilizar a luz vermelha em uma das cenas mais importantes do filme.

Depois de assistir a O despertar da Força, a sensação que fica é a de visitar um local que você adora, reencontrar e fazer amigos, e mesmo assim ter uma experiência nova. O despertar da Força não é sobre surpresas, mas sobre se reafirmar e abrir o caminho para uma nova aventura.

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