The Normal Heart

No início dos anos oitenta, enquanto os gays morriam nos hospitais, o governo americano não parecia empenhado o suficiente para resolver a situação. Afinal, se uma praga, como diz Ned Weeks (Mark Ruffalo) para o conselheiro do Presidente, não está afetando a população heterossexual, por que se preocupar com a minoria? Preocupado com seus amigos e conhecidos, o escritor Nova Iorquino Ned Weeks se torna o porta voz dessa minoria e faz tudo que pode para receber a atenção e o tratamento que merecem.

Baseado na peça de Larry Kramer, The Normal Heart tem início em uma festa em Fire Island, onde conhecemos Ned Weeks, que não gostava muito do foco que era dado ao sexo nos relacionamentos gays, o que o deixava desconfortável. Ao andar pela festa e observar as orgias que aconteciam ao ar livre, o desconforto de Ned fica visível. Após o colapso de um de seus amigos na praia, Weeks começa a ver vários de seus conhecidos sofrendo com os mesmos sintomas. A Dr. Emma Brookner (Julia Roberts) é a médica que atende a maioria dos gays que são afetados por esse vírus desconhecido, e após conhecer Weeks, ela encontra a voz que precisava para chamar a atenção da comunidade gay em relação à prevenção e aos perigos que eles estavam expostos, já que o número de mortes aumentava a cada dia.

E se tem algo que Weeks faz é gritar. Não conformado com o comportamento dos membros da comunidade da qual faz parte por não ouvirem as recomendações médicas, e não tentarem se adequar a um modo de vida mais seguro, além de não contar com o apoio do governo nas pesquisas para descobrirem contra o que estava lutando, ele monta o próprio comitê com alguns amigos e vai atrás de uma solução. Ned acredita que todos da comunidade gay deveriam ajudar e que, gritando, lutando e se expondo à sociedade, esse seria o caminho para serem ouvidos. Para vencer a guerra, você tem que começar uma.

Ninguém quer saber sobre a doença que vai se espalhando e deixando os gays cada vez mais desesperados. Os jornais falam superficialmente sobre o que acontece, os funcionários dos hospitais tem medo de cuidar dos pacientes, e os tratam de qualquer jeito. Quando um paciente morre, eles o embrulham em sacos plásticos e o jogam no lixo comum atrás do hospital. A população protesta em frente ao prédio do comitê e demonstra o preconceito contra algo que nem se quer entendem.

O diretor Ryan Murphy, conhecido por criar e escrever as séries American Horror Story e Glee, constrói uma narrativa que explora e aproveita todos os seus personagens. Apesar do tema pesado, além da mistura do drama e romance, o filme ainda tem alguns toques de humor que acabam sendo essenciais para aliviar o espectador. A atuação de Mark Ruffalo é repleta de emoção e extremamente forte. Com um ótimo elenco, os coadjuvantes têm um papel significativo na história, tornando-se fundamentais na construção do personagem de Ruffalo. Jim Parsons, Taylor Kitsch e Matt Boomer, criam personagens que dão peso à história e estabelecem relações importantes com Ned. Boomer passou por uma transformação física incrível para viver o amante de Ned, Felix, e é responsável por uma das melhores cenas do filme.  Julia Roberts não tenta dominar a tela e consegue dar vida a uma personagem que sofre desde os cinco anos de idade em sua cadeira de rodas por causa da pólio, mas não demonstra nenhum preconceito contra os gays e luta para que a doença seja entendida de alguma forma, mesmo que não seja através de sua pesquisa.

The Normal Heart não é apenas um filme sobre direitos civis, a propagação da AIDS, ou o preconceito instaurado pela população e pelo governo, e sim sobre direitos humanos. Na cena em que Weeks confronta seu irmão Ben (Alfred Molina) por não aceitar que ele ache que ser gay é um defeito, conseguimos ver que a melhor forma para salvar alguém é nos colocarmos em igualdade e eliminarmos qualquer diferença. 

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