Cinema: Transformers – A Era da Extinção

Efeitos continuam sendo o destaque da franquia, onde a duração é o deslize.

Efeitos continuam sendo o destaque da franquia, onde a duração é o deslize.

A popular linha de brinquedos Hasbro chega a sua quarta adaptação para as telonas. Novamente sob o comando de Michael Bay, que demonstra claramente estar em sintonia perfeita com a franquia e não ligar para a crítica especializada. Afinal, por que se preocupar quando sua obra vem gerando um lucro absurdo? O lançamento deste quarto filme, por exemplo, arrecadou US$ 100 milhões em apenas três dias de exibição, sendo até agora a maior abertura de 2014 e acreditem ou não, é o filme mais visto da história da China, arrecadando 225 milhões de dólares em apenas 12 dias.

Michael Bay continua fazendo o que gosta, e fazendo bem, diga-se de passagem, pois, gostando ou não, as salas continuam lotadas. Não é a toa que A Era da Extinção foi anunciado como o início de uma nova trilogia. Mas não se enganem em achar que isso tudo é uma boa coisa.

Pois bem, aqui somos apresentados ao cenário norte americano pouco tempo depois dos acontecimentos do terceiro filme que culminaram na guerra em Chicago, destruindo a cidade e tendo propagado o caos e o medo em escala mundial. Criando um cenário perfeito para o governo estadunidense, com sua nova tecnologia, perseguir e destruir os “alienígenas”, sejam eles Decepticons ou Autobots. É algo bem estranho, visto que no primeiro filme eles possuem o Megatron em seu poder a anos, e neste em um curtíssimo espaço de tempo praticamente superam os próprios Transformers em tecnologia robótica.

Os adorados Optimus prime e Bumblebee retornam representando o antigo grupo, outros personagens como Ironhide (eliminado no terceiro filme) e Ratchet são aqui utilizados rapidamente apenas para mostrar o destino da raça, para que novos personagens sejam apresentados ao público e mais brinquedos possam ser vendidos. Aliás, o design repaginado dos antigos personagens, apesar de ter uma explicação aceitável, sofreu uma queda bastante perceptível, chegando a beirar o ridículo quando são apresentados robôs com feições bem humanas e sobretudo de metal que se movem como seda. Piorando com o fato de eles tentarem inutilmente parecer engraçados, mesmo nos momentos mais sérios, como o momento em que Optimus vai “domar” os Dinobots, esses com visual espetacular, apesar de em certos momentos aparentarem não serem tão fortes como se esperava e precedidos de um background bem superficial.

O elenco humano encabeçado por Sam Witwicky, vivido por Shia LaBeouf na trilogia anterior é aqui substituído, tendo agora como protagonista o decadente, porém não abatido cientista Cade Yeager, vivido por Mark Wahlberg, sua super-protegida filha adolescente interpretada por Nicola Peltz, assumindo o papel da gostosa (porém sem sal), e seu namorado (Jack Reynor) que unidos aos Autobots irão rodar meio mundo passando por Chicago, Pequim e Hong Kong, deixando um rastro de muita destruição em uma incessante batalha pela sobrevivência. Wahlberg parece estar à vontade no papel, tendo como ponto alto a cena em que ele batalha contra um inimigo bastante ameaçador ao lado de Optimus. Nicola Peltz, no entanto, começa bem, mas parece se perder ao longo da exibição, talvez por culpa do papel que a mostra mais séria no início para depois preencher com futilidade e imaturidade, o mesmo vale para seu namorado.

O maior problema do filme, no entanto parece ser a sua longa duração, são 165 minutos de perseguições, tiros e explosões, incontáveis conspirações inúteis, piadas forçadas e frases de efeito. O filme poderia ter sobrevivido melhor com pelo menos 30 minutos a menos. Começou bem e com o tom certo, contando com algumas cenas bem chocantes, porém houve uma necessidade absurda de continuar quando já deveria ter parado, tornando até o que deveriam ser batalhas emocionantes em cenas demasiadamente cansativas e intermináveis. A única coisa realmente agradável são os efeitos, esqueça as batalhas confusas e frenéticas, isso ficou pra trás, aqui tudo ficou bem claro e nítido. Uma pena não ser suficiente pra tornar o filme agradável, como disse antes, isso que poderia ser o ponto alto, tornou-se demasiadamente cansativo.

Conclui-se que não se pode exigir muito, afinal, o que se esperar quando se vai ao cinema ver filmes de alienígenas robôs super-avançados, disfarçados de carros e que se transformam em robôs combatentes. O sucesso está aí, e as gordas bilheterias são a prova. O que nos resta é limpar a mente, relaxar e aceitar o que será exibido.

Nota 6

Transformers: Age of Extinction, 2014. Direção: Michael Bay. Com: Mark Wahlberg, Stanley Tucci, Kelsey Grammer, Nicola Peltz, Jack Reynor, Titus Welliver, Sophia Myles, Bingbing Li, T. J. Miller, James Bachman. 165 Min. Ação.

Escrito por: Raphael Gomes, é um louco viciado em cinema desde os seus primórdios. Consome filmes a todo momento, e tem sempre uma ótima opinião sobre a 7ª arte.

ass_nayara

Deixe um comentário