RIO — “Nêmesis”, o novo longa de Fernando Meirelles , que seria filmado ainda no segundo semestre, foi adiado para abril de 2014, depois de perder distribuidor e atores americanos por envolver episódios polêmicos da família Kennedy. A trama não é centrada no clã e sim no milionário grego Aristóteles Onassis, mas, assim mesmo, espantou o apoio da indústria de cinema dos EUA.
Para salvar o projeto, Meirelles fará dele uma produção 100% europeia, tendo, como única exceção, participações brasileiras no roteiro, que é de Braúlio Mantovani, e na fotografia, que será de Ricardo Della Rosa.
O longa, que chegou a ser associado a astros como Michael Fassbender e Al Pacino, sem a confirmação de Meirelles, tem como base o livro "Nemesis; The true story of Aristotles Onassis, Jackie O, and the love triangle that brought down the Kennedys". A publicação também foi mal vista nas livrarias dos EUA ao explorar a rivalidade entre o magnata vindo da Grécia os parentes do ex-presidente John Fitzgerald Kennedy.
— Não existe nenhum lobby ou pressão dos Kennedys. Mas, assim como o livro foi meio boicotado nos EUA, os distribuidores americanos pensam que o mesmo pode acontecer com o filme — diz Meirelles, por e-mail ao GLOBO. — Apesar de serem muito elogiosos ao roteiro do Bráulio, eles acham arriscado entrar no projeto. Dois atores americanos também elogiaram o roteiros mas não se sentiram confortáveis em expor alguns aspectos desta família que é o pilar dos Democratas. Respeito isso.
O adiamento, justificado pela busca por recursos financeiros na Europa, foi a saída encontrada pelo realizador de "Cidade de Deus" (2002) para não ter que lidar com uma possível rejeição ao filme nos EUA.
— Nós estamos transformando o projeto num filme cem por cento europeu, com isso nossa data de filmagem foi para abril do ano que vem. Enquanto isso estou tocando "Os experientes", uma série para a Rede Globo que devo rodar com o Quico, meu filho, a partir de final de outubro — diz Meirelles.
O cineasta nega que o roteiro de "Nêmesis" trate com desrespeito o legado dos Kennedy.
— O roteiro apenas não esconde o que já se sabe. É sabido que o Joe Kennedy não era um sujeito muito correto, que John sofria de uma compulsão sexual que melou seu casamento, e que Bobby Kennedy encobria os erros do irmão. Ele esteve com a Marylin Monroe no dia da morte dela. E é sabido que Jackeline era obcecada por dinheiro. Não há nada que não esteja disponível na rede — diz Meirelles. — O filme nem é sobre a família Kennedy. É sobre os Onassis, mas mesmo assim está gerando polêmica.