Surpreendentemente, a demanda pelo racismo está superando a sua oferta

Ao procurar desesperadamente o racismo onde ele não habita, corre-se o risco de diluir a seriedade do problema


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Nossos tempos, regidos pela sensibilidade exacerbada, revelam um fenômeno peculiar: a crescente demanda por casos de racismo parece superar em muito a oferta real. Nesse cenário de busca incessante por ofensas, nos deparamos com figuras públicas que, munidas de uma lupa afiada para injustiças raciais, transformam termos inofensivos em crimes linguísticos.

A ministra Anielle Franco, defensora incansável da igualdade, enxerga ofensas nas entranhas do cosmos, declarando o termo “buraco negro” como mais uma expressão a ser banida. Sob sua ótica, a vastidão do universo torna-se palco de um embate ideológico, onde até mesmo o desconhecido é contaminado por acusações de racismo.

Não muito distante, a ministra Marina Silva, reconhecida por sua perspicácia ambientalista, decide que “caixa-preta” não é apenas uma metáfora técnica, mas sim um ato racista. O enigma agora reside em discernir quando uma expressão técnica se torna um insulto velado, pois no universo da interpretação subjetiva, qualquer analogia pode ser distorcida para se adequar a narrativas pré-estabelecidas.

E surge, como um eco do absurdo, a história da cantora Luciane Dom, que mentiu ter sido vítima de racismo em uma revista no embarque de um aeroporto. A ironia atinge seu ápice quando o ambiente internacional de trânsito se torna palco de uma batalha contra o preconceito, uma busca incessante por ofensas onde a maioria viaja em busca de destinos mais tangíveis.

Numa era de redes sociais, onde a narrativa muitas vezes prevalece sobre a verdade, a procura desesperada por casos de racismo se espalha como fogo em palha seca. Os movimentos sociais, em sua legítima luta por justiça, correm o risco de serem instrumentalizados por narrativas distorcidas, desviando o foco de questões cruciais.

É imperativo que a discussão sobre racismo permaneça ancorada na realidade, focando nas situações concretas e nas ações que promovam a igualdade. Ao procurar desesperadamente o racismo onde ele não habita, corre-se o risco de diluir a seriedade do problema.

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