“King Cobra” não parece ser uma história que cabe em um filme

Filme sobre início de carreira de Brent Corrigan é tão rápido que não sobra tempo para se chocar


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Mesmo contando sobre um crime cruel nos bastidores da indústria pornô gay, filme é tão rápido que não sobra tempo para se chocar

Brent Corrigan é um nome conhecido para os gays que hoje estão na casa dos vinte. Trata-se de um ator pornô que surgiu em 2004 pela produtora Cobra Videos e conseguiu uma fama inimaginável, pelo seu fenótipo de twink, sua performance sexual e, pouco tempo depois do seu debut, pelo envolvimento de seu nome na morte de Bryan Kocis, diretor e fundador da produtora que o lançou no mundo da pornografia.

“King Cobra”(2016), filme dirigido por Justin Kelly, pega para si a responsabilidade de contar do início de carreira de Brent Corrigan até a solução do crime que resultou no assassinato de Bryan Kocis. A história se inicia no vídeo teste de Corrigan para a Cobra Videos, passa pela sua ascensão no mundo pornô, vai ao seu descontentamento com o salário que Kocis o paga para fazer os vídeos e chega ao rompimento de Brent Corrigan após descobrir o volume de dinheiro que a produtora estava lucrando em cima de seu trabalho, e repassando para ele uma porcentagem ínfima.

Kocis não cede ao rompimento e usa do contrato que Corrigan assinou para impedi-lo de ir trabalhar em outra produtora. Acompanhando de longe o sucesso e agora o desejo de rompimento de Brent Corrigan, Harlow e Joe, um ator e um diretor pornô em situação financeira delicada, se mostram dispostos a irem até as últimas consequências para “libertar” Corrigan e fazer com que ele possa atuar nos filmes da dupla quase falida.

Baseado em uma história real, fica difícil criticar o roteiro do filme que parece reproduzir de forma consideravelmente fiel todos os atos que antecederam o crime. Mas essa história talvez coubesse melhor em uma série. Acontece que o longa joga os acontecimentos de forma tão rápida na cara do espectador que Mesmo contando sobre um crime cruel nos bastidores da indústria pornô gay, filme é tão rápido que não sobra tempo para se chocar.

Devido à velocidade do filme, perde-se muito em detalhes e a obra parece superficial, como se alguém em uma mesa de bar tentasse contar uma história complexa. Não fica claro como Corrigan e Kocis se conheceram; é nítido que o desejo de rompimento surge antes de Corrigan descobrir o alto faturamento de Kocis, mas isso não é explorado; o momento de encontro entre Harlow, Joe e Corrigan não apresenta profundidade; e a ação para desvendar os assassinos de Kocis também é tão rápido que faz parecer que foi fácil.

A entrega do filme parece ter desperdiçado uma história interessante de ser contada, aprofundar sobre a vida das pessoas que escolheram vender seus corpos na internet e também as consequências dessa escolha. E também deixaram de faturar, pois em outro formato a história de Brent Corrigan renderia muito mais dinheiro, embora com certeza não tanto quanto renderam seus vídeos quando estrearam.

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