O caminho de Halima (2012)

Título original: Halimin put

Título em inglês: Halima’s path

Países: Croácia, Bósnia e Herzegovina, Eslovênia

Duração: 1 h e 37 min

Gênero: Drama

Diretor: Arsen A. Ostojic

IMDB: http://www.imdb.com/title/tt2244877/


Uma história trágica e real do cinema dos Balcãs cujo ponto principal gira em torno da dignidade do homem que é considerada algo imensurável. Mais um filme que remete à Guerra da Bósnia, um conflito armado com motivações políticas e religiosas que ocorreu entre os anos de 1992 e 1995 e vitimou mais de 200.000 pessoas e, entre elas, alguns personagens do filme.

O roteiro, bem amarrado e muito inteligente, gira em torno de uma história de amor entre Safija, uma jovem turca e muçulmana e Slavomir, um rapaz Sérvio e cristão-ortodoxo. Apenas pela revelação de suas religiões já constata-se uma incompatibilidade enorme pois a intolerância religiosa é algo que transcende qualquer tipo de racionalidade na região aludida pelo filme. Este tal romance começa cerca de 20 anos antes da guerra e gera uma série de problemas, principalmente para a tradicional e religiosa família de Safija, por conta de uma gravidez indesejada. Tudo isto acontece aos olhos de Halima, tia da moça. De repente, o filme avança no tempo e recomeça 5 anos após a guerra. Muita coisa mudou! O marido e filho de Halima sucumbiram à guerra. A partir daí, a história, em flashbacks vai revelando os trágicos acontecimentos no hiato de 25 anos que se passou e acompanhando Halima na espinhosa luta pela procura dos restos mortais de seus entes queridos. Tudo por um funeral digno para acalentar sua alma e promover a continuidade de sua vida na medida do possível! Muitas surpresas, reviravoltas e um desfecho doloroso serão mostrados neste filme da vida real. É um exercício de resiliência para a protagonista.

Quando achamos que já vimos tudo sobre as atrocidades que são realizadas em nome da religião, aparece mais um filme e nos mostra mais acontecimentos sombrios. É impressionante como a religião molda a maneira de viver das pessoas e as deixa cegas e intolerantes. Justamente algo que teoricamente é ensinado para trazer o bem e a paz para as pessoas acaba sendo um dos principais motivos de mortes na história da humanidade. No filme, nem os ônibus ultrapassam as fronteiras dos países pois são territórios proibidos e as pessoas são impuras apenas por acreditarem em outras divindades, outras ideologias.

O roteiro foi escrito considerando que uma viagem ao passado é essencial para que haja paz nos corações no futuro que há por vir. Tal viagem expõe os horrores da guerra e revela a herança negra deixada por ela. Tudo isso é sustentado pelas costas de Halima, uma pessoa que, ao longo de toda sua vida, passou por vários preconceitos e dificuldades pelo simples fato de ser mulher numa sociedade patriarcalista e muçulmana. Para os que acreditam em destino, Halima nasceu para sofrer!

Segundo o filósofo grego Aristóteles a tragédia era um gênero maior, capaz de transmitir nas pessoas as sensações vividas pelos personagens. Este gênero teatral da Grécia antiga aplica-se prontamente a esta obra cinematográfica. Sofremos junto com a protagonista e nos desesperamos com o rumo dado à história. Na guerra, o homem torna-se irracional contudo, para alguns, o pior castigo possível toma forma. Saliento que ver tudo isto causou um grande incômodo. Infelizmente não foi ficção!

O trailer com legendas em inglês segue abaixo.

Adriano Zumba


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