Eu sou Ingrid Bergman (2015)

Título original: Jag är Ingrid

Título em inglês: Ingrid Bergman: in her own words

País: Suécia

Duração: 1 h e 54 min

Gêneros: Biografia, documentário

Diretor: Stig Björkman

IMDB: https://www.imdb.com/title/tt4621016/


Já no trailer podemos ouvir da boca da própria Ingrid a seguinte frase: “É preciso coragem para retirar toda a sua maquiagem e mostrar realmente quem você é!” Após assistir ao filme, entendemos perfeitamente a magnitude desses dizeres.

Eis o que eu chamo de documentário completo! Digo isso por que retratar a vida de uma pessoa pública em um filme – ou um livro – realmente não é uma tarefa trivial, entretanto julgo que alguns aspectos devem sempre ser abordados em nome dessa suposta completude que defendo, principalmente aqueles relacionados ao motivo da fama dessa determinada pessoa – no caso do filme em tela, o ofício de Ingrid Bergman -, e aqueles relacionados a sua vida pessoal, que podem até ser mostrados com mais superficialidade sem prejuízo da qualidade da obra biográfica. “Eu sou Ingrid Bergman” aborda os dois aspectos importantes da vida dessa bela estrela do cinema mundial, porém a superficialidade a que me referi recai sobre o lado artístico da diva. Há muita ênfase, principalmente, sobre as relações amorosas de Ingrid. A “Casablanca“, por exemplo, a obra mais famosa em que ela atuou, é dada pouca ou quase nenhuma atenção. De qualquer forma, essa abordagem que tende mais para o lado pessoal da atriz agrada a muitos espectadores, os quais querem saber como era o seu ídolo em seu cotidiano. Eu me atenho mais a parte artística, mas é apenas uma questão de opinião.

A sinopse, retirada da internet, é a seguinte: “Usando os diários íntimos de Ingrid Bergman, além das cartas enviadas as suas amigas, o documentário traça todo o percurso pessoal e profissional da atriz, incluindo seus diversos casamentos, a relação controversa com os filhos, o escândalo de adultério, as mudanças para os Estados Unidos, França e Inglaterra.”

Percebe-se que é um documentário riquíssimo, pela quantidade de informações que ele oferece. Isso se deve principalmente pela mania de Ingrid em registrar sua vida e seu dia a dia, seja no seu diário ou em rolos de filme, através de filmagens caseiras, as quais ela guardava com muito carinho. Ingrid, sempre que possível, filmava tudo: família, viagens, bastidores dos filmes, etc., e obrigatoriamente levava consigo em todas as suas mudanças de país – de marido -, como aludido na sinopse. Trata-se de um documentário que proporciona um excelente resumo sobre a vida da atriz sueca.

“O rosto mais triste da história do cinema – assim como um dos mais belos -“, como assim eu a considero, na verdade, era uma mulher bastante alegre, que vivia intensamente os seus momentos. O que me chamou mais a atenção ao assistir ao documentário foi a grande capacidade que ela tinha de mudar de vida, mesmo que, para isso, alguém tivesse que ser penalizado ou machucado – principalmente os seus filhos – daí vem a relação controversa aludida na sinopse, além da ausência intrínseca e automática proporcionada pelo seu trabalho. No meu ponto de vista, dentre os vários papéis que uma mulher assume em sua vida, Ingrid priorizou os de mulher, fêmea, amante, em detrimento do papel de mãe, apesar do grande amor que nutria por seus filhos. Automaticamente se percebe a grande resiliência, aliada a uma enorme força interior, que residia em sua alma. Ela teve realmente uma vida amorosa atribulada, repleta de amores intensos, que, com o passar do tempo, tornavam-se desinteressantes. O maior destaque é dado para a sua relação conjugal com o italiano Roberto Rossellini, com o qual teve três filhos, e pavimentou sua carreira artística através de atuações em grandes filmes desse grande diretor da história do cinema. É impressionante como a vida amorosa desses astros do cinema são voláteis. É algo a ser estudado.

Através da abordagem utilizada no documentário, ou seja, o foco na vida privada de Ingrid, percebemos que a idealização do ser humano perfeito, regada a uma certa dose de endeusamento, como pensam alguns fãs dos mais diversos artistas ao redor do mundo, realmente não existe. Artistas não são divindades. São apenas seres humanos e, portanto, falíveis como qualquer outra pessoa. Temos que reverenciar mesmo – e com justiça – a excelência do trabalho de Ingrid Bergman. Indubitavelmente, não foi apenas mais um rostinho nórdico e bonito que apareceu em filmes de Hollywood ou de qualquer outro lugar. Foi sim uma das mais talentosas e expressivas atrizes que a sétima arte já teve a honra de apresentar para o mundo. Filmes com Ingrid são sinônimo de grande valor artístico…

… e muita beleza!

Eu sou Ingrid Bergman” é altamente recomendado, pois é oferecida a possibilidade dos espectadores conhecerem melhor essa lenda do cinema, como sugerido pelo título do filme em inglês, “através de suas próprias palavras” – e isso é sempre interessante.

O trailer, com legendas em português, segue abaixo.

Adriano Zumba

2 comentários Adicione o seu

  1. tadeuelias disse:

    Muito bom! Não conhecia o filme, agora vou procurar. Ver esse retrato íntimo das estrelas que gostamos é sempre uma boa pedida.

    Obrigado!

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    1. Muito bom mesmo Tadeu. Tenho a mesma opinião que você, ainda mais quando se trata de uma artista que admiramos.

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