Bad genius (2017)

Título original: Chalard games goeng

País: Tailândia

Duração: 2 h e 10 min

Gêneros: Comédia, crime, drama, thriller

Elenco Principal: Chutimon Chuengcharoensukying, Chanon Santinatornkul, Teeradon Supapunpinyo, Eisaya Hosuwan

Diretor: Nattawut Poonpiriya

IMDB: https://www.imdb.com/title/tt6788942/


A facilidade de absorver, assimilar e processar conhecimento é um dom que é para poucos. Frequentemente, as pessoas que possuem essa capacidade são chamadas de gênios. O próprio filme em tela utiliza essa denominação para rotular os seus protagonistas. Qualquer tipo de dom que as pessoas possuem, quando usado com bons propósitos, traz vantagens pessoais, reconhecimento, admiração, etc., entretanto, quando usado para fins ilícitos pode trazer sérias consequências nos mais diversos âmbitos. Essa é a temática do filme em destaque, a má utilização das potencialidades que determinadas pessoas possuem em nome de vantagens financeiras escusas. Bem vindos à história dos gênios do mal, que é a tradução do título do filme em inglês. Minhas considerações seguem abaixo.

A sinopse, retirada da internet e com adaptações, segue abaixo: “‘Lynn é uma estudante genial que ajuda dois colegas da escola, Grace e Pat, a trapacear nas provas do colégio. Grace é uma eminente ativista escolar que não consegue as notas que ela precisa. Enquanto Pat é um rapaz muito rico que acha que o dinheiro pode comprar tudo. Um dia, Lynn ganha a oportunidade de ganhar milhões de bahts (a moeda local). Ela deve participar de um esquema de fraudes do exame STIC, utilizado por estudantes que querem entrar em grandes universidades de todo o mundo. O problema é que, para isso, ela precisará da ajuda de Bank, seu rival nos estudos e que não gosta de cometer fraudes. O que Lynn fará para convencer Bank a deixar de lado seu código de ética e ajudá-los?”

Quem nunca colou de alguém ou passou cola para algum colega na escola? Longe de querer relativizar a honestidade dessas ações, elas denotam até o atrevimento e a pouca responsabilidade inerente dos adolescentes, contudo, como visto no filme, a governabilidade sobre a situação acaba sendo perdida em virtude da ganância. Ao contrário do que conjecturei, a narrativa tenta explicitamente amenizar os atos dos protagonistas através da condição social dos mesmos, porém essa tentativa fica restrita ao ambiente escolar. É bom salientar que Lynn vive apenas com seu pai têm uma condição financeira normal, sem luxos, e Bank ajuda sua mãe, que se mata em uma lavanderia da família. A maneira como tudo é mostrado é até politicamente incorreta, por promover até uma certa torcida por Lynn e ojeriza por Bank, mesmo ela sendo a errada da história e ele o certo. O motivo disso é uma bolsa de estudos em outro país que eles disputam. Enquanto os acontecimentos estão cercados pelos muros da escola, o roteiro não tenta criminalizar os atos. As transgressões ficam apenas no contexto moral, que já somos acostumados a relativizar – pelo menos aqui no Brasil. Há apenas a necessidade de encontrar o limite entre o moral e o correto.

Lembrando que o filme foi inspirado em fatos reais, a segunda parte da narrativa, cujo terreno já foi preparado pela atuação dos protagonistas na escola, realmente chama a atenção. O que era um filme de colegiais em atitudes irresponsáveis se transforma em um filme de criminosos internacionais. A tentação do dinheiro fácil – pelo menos para eles, pois eram gênios – entra em cena e a história ganha contornos tensos e com muita adrenalina, pela implementação do sofisticado plano. Nesse ponto, é interessante notar todas as situações que levaram a Bank se deixar ser corrompido, já que Lynn já havia sido corrompida desde a escola. No fim das contas, o “êxtase do ouro” acaba falando mais alto, principalmente em relação a pessoas que possuem alguma vulnerabilidade social.

Bandidos improváveis e impensáveis em ação utilizando uma das mais poderosas armas que o homem pode dispor: a mente. Entretanto, ainda sobra espaço para um final politicamente correto – pelo menos para um dos protagonistas -, que, no meu entender, corrige distorções na manipulação da percepção do espectador. É bom lembrar que não é raro que uma narrativa guie as pessoas a torcer por antagonistas, vilões ou anti-heróis. Entre inúmeros exemplos, vou citar o meu filme favorito, “Três homens em conflito“, quando torcemos por Blondie, um caçador de recompensas que utiliza métodos ilegais e imorais para chegar a seus objetivos.

Parafraseando uma parte do título de um famoso filme de 1981, dirigido por David Cronemberg: “sua mente pode destruir”.

O trailer, com legendas em inglês, segue abaixo.

Adriano Zumba

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