Green Book – O guia (2018)

Título original: Green Book

País: Estados Unidos

Duração: 2 h e 10 min

Gêneros: Biografia, comédia, drama, música

Elenco Principal: Viggo Mortensen, Mahershala Ali, Linda Cardellini

Diretor: Peter Farrelly

IMDB: https://www.imdb.com/title/tt6966692/


Opinião: “Repetitivo, mas admirável como uma poesia à amizade”.


A década é a de 1960, os fatos são reaiso contexto histórico é o mesmo no qual estão inseridos nomes como Martin Luther King e Malcoln X, isto é, o ambiente de discriminação racial existente nos Estados Unidos, o livro – o tal Green Book , que poderia perfeitamente ser chamado de Segregation Book – é um guia que mostra à população e aos visitantes do país os locais que eles devem frequentar de acordo com a cor de suas peles, e o enredo do filme facilmente transita pela surrealidade se não fosse verídico, no entanto é simplesmente belo, pois é inspirado em uma verdadeira amizade, que conseguiu quebrar a barreira quase intransponível do preconceito existente na época.

Eis a sinopse:”Tony Lip é um ítalo-americano altamente preconceituoso, que trabalha como segurança em um clube. Precisando de dinheiro, ele é indicado para um emprego, cuja finalidade é ser motorista de um famoso pianista negro, chamado Don Shirley, em uma turnê de dois meses pelo sul dos Estados Unidos – a região que era o cerne da segregação racial no país. Em meio ao dilema entre a necessidade, o preconceito e a rejeição, eles são forçados a deixar de lado as diferenças e as desconfianças para sobreviver e prosperar nessa jornada.”

A temática não se reveste com o manto da novidade no cinema, pois pode ser lembrada com com algumas adaptações em “Conduzindo Miss Daisy” (1989) e em “Intocáveis” (2011), entre outros, mas, como no cinema nada se cria e tudo se copia, nada melhor do que usar uma história real e a introduzir, como um ingrediente especialíssimo, numa receita saborosa que já proporcionou excelentes degustações a seus espectadores. Forçar – literalmente – que dois personagens aprendam a se tolerar é uma temática que pode ser manipulada de modo a oferecer diferentes tipos de abordagens. Em “Green Book“, sem deixar a dramaticidade de lado pela conjuntura temporal, a comédia, recheada com um quê de politicamente incorreto, foi escolhida como viés para a narrativa. Principalmente pelas atuações de seus dois protagonistas, pois o filme se baseia fortemente nos diálogos e atitudes de ambos, o roteiro funciona perfeitamente, mantendo a harmonia entre o desejado e o exibido. O que corrobora com essa dependência do elenco é a quantidade de indicações e vitórias de Viggo Mortensen e Mahershala Ali nas mais diversas premiações da indústria cinematográfica americana e mundial.

Há duas situações que, no mínimo, causam uma certa intriga – e esses são os motivos pelos quais não avaliei o filme com 5 estrelas. Tony é um homem bruto, cheio de pré-julgamentos e preconceituoso ao extremo – algo que beira o nojo e a ojeriza por pessoas ditas “de cor”. Shirley é um homem inteligente, determinado, refinado, educado, mas forte em suas atitudes. Tony aceita o emprego com uma resistência mínima – isso não coaduna nem de longe com seus pensamentos. Shirley, por sua vez, apresenta uma ingenuidade que beira a infantilidade em algumas passagens – e isso não coaduna nem um pouco com sua personalidade. Talvez sejam apenas detalhes, mas prejudicam a coerência com os fatos apresentados e, talvez, passem até despercebidos pelo grande público.

O grande must do filme é a inversão de papéis, por conta da época que foi retratada. O homem branco é o subordinado – o empregado – e o homem negro é o subordinador – o empregador. Don Shirley tem fama e dinheiro, mas, nem com tantos atributos fúteis e sedutores – o que normalmente importa bastante -, consegue escapar de sua sina perversa. É preciso aparecer o truculento Tony, que odeia pessoas como o pianista, para “por a casa em ordem”. Situações são modeladas de forma a, paulatinamente, modificar os conceitos de cada um no intuito de proporcionar e amadurecer uma forte amizade, que, por sinal, atropela o orgulho masculino, que normalmente é deveras resistente. Por tudo isso, “Green Book“, com suas abundantes qualidades e seus mínimos defeitos, tem sido considerado como um dos melhores filmes de 2018. Foi o grande vencedor do Oscar de melhor filme em 2019, desbancando o magnífico “Roma”. É impossível dizer que não foi merecido. Aplausos!

O trailer, com legendas em português, segue abaixo.

Adriano Zumba


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