Cinema: A Forca

A Forca

O ano de 1999 ficou marcado como uma nova forma de se dirigir filmes de terror. Graças ao êxito de A Bruxa de Blair, o estilo Hand Cam (câmera na mão) foi utilizado por diversos filmes. Estilo copiado, porém poucos tiveram um resultado tão bom quanto A Bruxa de Blair. Os filmes [Rec] e Cloverfield: Monstro cumpriram bem o papel, o mesmo não se pode dizer da Franquia Atividade Paranormal, que alterna altos e baixos com seus filmes. O mais novo exemplar a se aventurar no estilo Hand Cam é A Forca. O filme teve um excelente viral na internet com um vídeo de espírito, o ‘Charlie, Charlie’, porém o resultado final do longa que estreou não é nada agradável.

A história pela qual o filme se desenrola (ou enrola) é fácil de ser compreendida. Em 1993 um jovem morreu enquanto participava de uma peça teatral no colégio. Alguns anos depois, alunos atuais desse mesmo colégio resolvem encenar novamente a mesma peça. Porém, o ator principal não é muito bom em atuação e resolve, uma noite antes da estreia, invadir o colégio com seus amigos e destruir o cenário para que a peça não aconteça. É aí que coisas estranhas e sobrenaturais começam a acontecer.

Boa premissa, mas o filme tem muitos defeitos. Os diretores Travis Cluff e Chris Lofing (é o primeiro trabalho deles) têm uma direção muito equivocada. O filme demora muito a engrenar, porém, quando engrena, sustos baratos deixam o filme com aquele ar de ‘mais do mesmo’. Interessante analisar que conforme você assiste ao filme, você percebe claramente artifícios utilizados em cena que foram tirados de grandes filmes de terror. É como se os diretores tentassem montar um grande quebra-cabeças, porém, não souberam encaixar as peças. Como já foi dito anteriormente, o estilo de filmar é o Hand Cam, utilizado no filme A Bruxa de Blair. Aqui é utilizada uma escola como cenário principal, em O Iluminado um hotel foi utilizado. A forma como os minutos finais do filme foram filmados, são claramente chupados do final do filme [REC]; a euforia dos jovens de entrarem no local e o desespero de sair, lembram o clássico do terror trash: Pague Para Entrar, Reze Para Sair… Enfim, uma colcha de retalhos, que nas mãos certas poderia fazer surgir um grande filme, pena que não é o caso de A Forca.

Outro problema do filme e que chega a incomodar é o fato do personagem Ryan Shoos querer filmar tudo. Lógico que ele tem que filmar, caso contrário não teria filme, já que o estilo é Hand Cam, mas isso poderia ser introduzido de maneira mais sútil. Em A Bruxa de Blair eles filmam tudo porque estão fazendo um documentário para a faculdade e no filme [REC] o cinegrafista filma tudo porque é a profissão dele, imagine quanto ele ganharia por aquele furo de reportagem? Aqui não, temos pessoas normais, que em momento algum é colocado um porquê do jovem Ryan estar filmando tudo desde o início, incomoda principalmente por que o personagem não tem carisma nenhum, muito pelo contrário, rapidamente o público ganha uma aversão ao seu personagem, devido ao quão idiota ele é em cena com muitas atitudes estúpidas. Outro personagem sofrível é Reese Mishler, esse até que tenta, mas é muito ruim em cena, ele até se esforça, mas não consegue passar o medo e o desespero necessário que seu personagem tem. No quarteto principal, só as meninas se salvam. Pfeifer Brown se encaixa muito bem no papel da garota que está naquela situação e não sabe que rumo tomar, e a melhor de todas em cena, Cassidy Gifford. Com uma atuação totalmente desesperadora, ao lado de Pfeifer, elas são as únicas que fazem crer que realmente estão passando por uma situação envolvendo acontecimentos sobrenaturais. Já a figura do vilão, utiliza muito bem a forca em cena, mas está longe de ficar marcado na história do cinema como um Jason e seu facão, ou um Freddy e suas garras, como o próprio marketing do filme utilizou esses dois mitos. Os atores até utilizam os seus próprios nomes nos personagens, jogada dos envolvidos para dar mais “veracidade” à história, mas isso não adiantou muita coisa.

Uma pena que um filme que se mostrava com um grande potencial fique apenas com pequenos lampejos de algo bom, que logo dão lugar a sustos baratos, daqueles que você sabe que vai acontecer além de reviravoltas sem sentido algum. Quem quiser ver no cinema, veja no dia da promoção.

Nota 3

The Gallows, 2015. Direção: Travis Cluff e Chris Lofing. Com: Reese Mishler, Pfeifer Brown, Ryan Gifford, Travis Cluff, Price T. Morgan. 81 Min. Terror.

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