Resenha #14 – The Walking Dead: A Queda do Governador – Parte Um, Robert Kirkman

Dos HQs para televisão, videogames e livros, o sucesso da marca The Walking Dead é incontestável. O lançamento de A Ascensão do Governador, em 2012, foi uma novidade muito bem-vinda. Como descrevi na minha resenha, na época, Robert Kirkman e Jay Bonansinga conseguiram prender o leitor e trazer uma novidade para o universo já conhecido da série. Além disso, nos presenteou com uma história antes nunca contada, mas sem sair da sua trajetória.

Já no segundo, O Caminho para Woodbury (também resenhado aqui), caminhamos sob a perspectiva de Lilly Caul, protagonista da trama que percorre seu errante caminho neste mundo apocalíptico até chegar aos primórdios do que seria a cidade de Woodbury. Seus dilemas em viver naquelas comunidade e os perigos dentro e fora, com menos impacto que o primeiro, conseguem criar um clima de tensão e apresenta um final de rebelião e contenção.

A-Queda-do-Governador

O que poderíamos esperar do terceiro? Dividido em duas partes, A Queda do Governador (Galera Record, 2014, p. 265) desaponta por retratar a mesma história do HQ e do seriado, contudo, de uma maneira diferente. O início é apreensivo e ardiloso, no entanto, no decorrer da narrativa a história parece não alavancar. A personagem Lilly Caul ganha um enredo enfadonho e a gente encontra os conhecidos personagens Rick, Glenn e Michonne, mas sem nenhuma estrutura do seu passado. Eles apenas são “jogados” na trama em situações semelhantes às já desenvolvidas nas outras plataformas.

Diferente do seriado, que nos poupou de grande parte do lado perverso do Governado, o livro descreve com requinte de agonia a maneira a qual Philip aprisiona Michonne e a violenta inúmeras vezes. Acredito, entretanto, que está parte faça parte do HQ (vale ressaltar que não li). As partes de perigo iminente, as lutas com os walkers e o desalento humano continuam ótimas, mas o enredo perde o charme de novidade e apenas a história de Lilly continua inédia, em contrapartida, sem nenhum entusiasmo.

Coleção The Walking Dead

A narrativa se prolonga bastante na violência contra Michonne e sua vingança, já os walkers ficam em segundo plano e o livro parece se repetir apenas para prolongar a história, sem um objetivo determinado. A necessidade de uma parte dois se torna apenas uma opção caça-níquel, pois grandes pedaços deste livro poderiam ser abdicados e partir logo ao combate na prisão, que possivelmente é o enredo da sequência. Sobretudo, a modificação dos acontecimentos a cada plataforma afasta mais do que conquista os seguidores do projeto.

Portanto, A Queda do Governador parece um engodo lucrativo, acrescenta pouquíssimo à conhecida narrativa, torna os personagens simplórios e nos deixa constrangidos com o declínio de perspectivas para o desfecho. Volto a ressaltar que as descrições das cenas são ótimas, junto com a elevação da raiva e do lado mais abominável de Philip, entretanto, uma reapresentação do que já sabemos, sem nenhuma novidade, perde o critério da publicação. Isso porque, esta não é uma adaptação, mas um complemento. Lerei a segunda parte e espero que a personagem Lilly volte a se destacar e ser a protagonista da história, contudo, acho difícil por causa da trajetória ruim dada para ela neste volume.

Nota: 2/5,0.

Publicado por Letícia Alassë

Jornalista pesquisadora sobre comunicação, cultura, linguística e psicanálise. Mestranda de Jornalismo Internacional na Universidade Paris VIII, na França. Nascida no Rio de Janeiro, apaixonada por explorar o mundo tanto geograficamente quando diante da tela. Mora atualmente na Cidade Luz.

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