Beatriz Rocha

Difícil escrever um comentário sobre esse filme e não cair nos lugares comuns de "obra-prima", "elenco primoroso" ou "trilha sonora inesquecível"... acho que diante de uma obra tão bem-feita, todos os superlativos são justos. Pessoalmente, eu adoro esse filme. É o meu lugar de segurança ao procurar um título que me prenda do inicio ao fim (mesmo sendo um filme extenso), devido a seu didatismo em apresentar cada personagem minuciosamente, em cada olhar demorado e espera pelo próximo diálogo. Envelhece como vinho, cada vez mais emocionante com a trilha sonora que ainda faz arrepiar.

Esse filme é tão triste de tantas formas...das mais óbvias, como a violência e abandono, até às mais sutis, como a solidão e, como alguém mencionou em um comentário anterior, como a culpa. Todos os personagens sentem culpa de alguma forma, e isso os une. Porém, a questão de gênero é uma marca que precisa ser considerada: as personagens femininas sentem mais culpa, especialmente pela questão familiar.

Assisti a primeira vez esse documentário para uma disciplina da faculdade e o reassisti recentemente. Em ambas as oportunidades, fiquei muito impactada. A ideia de "cápsula do tempo" ou a manutenção de um registro histórico através de tanto tempo me parece tão poderosa, que mais do que um documentário histórico, sinto como uma crônica, um registro poético e sensível dos diversos processos que o homem vivenciou em sua extensa jornada na Terra. A vivacidade das pinturas e seus movimentos dão a impressão de que seus autores ainda estão na caverna, que a energia vital daquelas pessoas ainda paira por lá. É lindo compreender a caverna, conforme a exploração avança, mais do que um lugar de descoberta e pesquisas, mas como um lugar de sonhos, de experiências e vivências que foram esquecidas.