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Um aprendiz da sétima arte.

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Últimas opiniões enviadas

  • Elizier Araujo

    Às vezes considero um certo risco assistir adaptações de livros que marcaram a minha vida. Mas, por considerá-los irretocáveis, acabo por aventurar-me nas trilhas de uma película em direção à obra literária. O problema reside no caminho inverso que, às vezes, algumas obras cinematográficas tomam, desconsiderando caminhos que se propuseram a percorrer enquanto adaptação.

    Este caso é meio que dividido na adaptação cinematográfica de “A Hora da Estrela”, de Clarice Lispector. Se por um lado fico extremamente embevecido e atônito com as pinceladas fiéis de Marcélia Cartaxo ao reviver Macabéa; por outro, fico um pouco decepcionado ao ver que a narrativa cinematográfica tomou certos caminhos equivocados na contramão do romance de Clarice. Uma pena. Porém, não foi o suficiente para tirar o brilho dos meus olhos ao ver, ou reviver, esta história – que tanto me acerta em cheio – projetada na telona.

    Suzana Amaral consegue transpor nesta película toda a sensibilidade e dramaticidade que a obra de Clarice contempla, além do humor simplório carregado de consternadas reflexões. E o que falar das atuações? Memoráveis! Marcélia Cartaxo e José Dumont incorporam brilhantemente suas personagens Macabéa e Olímpico, respectivamente. Vale ressaltar a icônica performance de Fernando Montenegro como Madame Carlota, a cartomante. Em suma: embora os pretextos e omissões – principalmente no desfecho – da narrativa fílmica demonstrarem leve descrédito em relação à obra, deixando a desejar, o filme conseguiu tatuar a essência de uma das obras mais imponentes de Clarice Lispector. Retificando meu discurso inicial: é preciso arriscar.

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  • Elizier Araujo

    "Um Domingo Maravilhoso" é o tipo de obra que reitera minha paixão pela sétima arte. Trata-se de uma película que nos olha ao mesmo tempo em que é olhada. Melhor: preenche-nos ao atravessar a tela com o espírito da vida e, como num golpe, rouba-nos, intrinsecamente, com a sua austera realidade.

    Aqui, Kurosowa apresenta um casal lutando para sobreviver a um Japão pós-Segunda Guerra. Entretanto, à medida que amor e os sonhos sobrepujam esta realidade, passa-se a encarar o mundo de outra maneira. Manifesto que Kurosawa transmite não só em relação à realidade fílmica vivida pelo diretor, mas à nossa própria condição humana, pois apesar das nossas dificuldades, não podemos deixar que silenciem nossos sonhos.

    Lírico e sincero. Atuações impecáveis de Isao Numasaki e Chieko Nakakita. A conclusão da obra é simplesmente sensacional: o poder dramático e poético que a cena no anfiteatro projeta arrebata e, como uma voz em uníssono, transporta-nos à trama, como espectadores ativos. A sinfonia inacabada de Schubert ainda ecoa em mim. Esta, sem dúvida, é uma obra-prima do mestre Akira Kurosawa.

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  • Elizier Araujo

    A princípio, não tinha nenhuma pretensão em escreve sobre "Elena", pois acredito piamente que o documentário/filme me proporcionou uma das experiências cinematográficas mais indescritíveis nesta minha cinefilia. Portanto, é deveras árduo tentar colocar neste espaço o que transcende o material, o concreto. Elena é, em essência, uma experiência indizível.

    Durante toda a projeção, já não me sentia mais numa sala de cinema, muito menos como espectador, mas, sim, como um ser de forte laço com a saudade que era fotografada em cada verso, fragmento e passagem de "Elena". Uma saudade que o meu 'eu' chamais esquecerá. Sinto que foi uma vivência poético-visual que me tirou de mim e me entregou aos braços da magnitude humana. E cabe dizer aqui como somos intensos, sonhadores; entretanto, também somos sensíveis, vulneráveis.

    "Elena" é um olhar extraposto sob a perda, sob a alma, é uma intimista manifestação das emoções que nos movem, inquietam, alimentam e dilaceram. Não consigo enxergar o amor declarado por Petra Costa e sua mãe se não for com os olhos do coração. Sentia-me mais envolvido quando carregava a saudade – e por que não a dor? – de olhares que buscam na memória uma forma de eternizar a existência de Elena.

    Entregava-me a cada silêncio que ecoava pela atmosfera, silêncio este que tocava minha alma numa poesia infinita que se perpetuava por todo o cinema. Silêncio composto por Elena. Silêncio composto por lembranças. Silêncio composto por poesia. Como diz um trecho do poema de Carlos Drummond de Andrade: “a poesia deste momento inunda minha vida inteira”. E, assim, a poesia de Elena inundou o amor, inundou a vida, e me inundou.

    Poderia citar a bela direção de arte, fotografia e a forma como tudo foi contado – mérito notável deste documentário/filme –, mas me reservo unicamente a expressar minha concepção emocional acerca de "Elena". Compromisso sentimental que não dispenso, sobretudo por ser ele o catalizador de toda a obra, pois o que saltava da tela, sem sombra de dúvida, era a erudição lírica de uma miscelânea de recordações felizes e dolorosas, que atravessavam o meu peito e me deixavam sem fôlego.

    O desfecho é uma transcendência à parte. Fui levado pela força da emoção, acompanhando o ritmo da onírica dança nas águas de um rio de sentimentos, que a família de Elena poeticamente se entregava. Enxergava-me mais próximo de Elena, enxergava-me arrebatado pelo amor. Diante da profundidade das declarações, percebi o quão sou pequeno, meus braços já correspondiam à força de uma gravidade transcendental, avassaladora. E, no final da sessão, na imensa sala de cinema, observava todos comungando de uma mesma introspecção, entregando-se à fragilidade humana, às dores de Elena. Afinal, somos todos Elena.

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