Jade

Quantas Hannas existem e quantos de nós podemos ser um porquê sem nem pensar. Quando comecei a assistir essa série me senti envolvida de tal forma que precisava terminar logo, acabar com a angustia que estava me dando cada novo episódio. Mas, quando terminou, percebi que meu desespero ainda estava ali, era como uma venda tirada dos meus olhos que me fez ver como somos capazes de maldades sem nem perceber, como podemos ser aquela borboleta cuja batida das asas gera um furacão. Quantas pessoas nós matamos sem perceber? Podemos não matá-las diretamente contudo ferimos com mentiras, matamos sonhos e minamos sua confiança nos outros. No fim, nunca terá ninguém inocente, não há ninguém que plenamente se salve. A diferença entre a vida e a morte é só uma mão estendida, porém quantas vezes queremos que alguém a estenda ao outro enquanto continuamos em nossos mundos herméticos? A única reflexão que ficou para mim ao fim dos episódios foi tentar de toda a forma não ser o porquê de ninguém, espero conseguir pelo bem de quem precisar.

A série evoluiu muito desde sua proposta inicial no Youtube. Desde aquela época o potencial era demonstrado e essa primeira temporada não me decepcionou, manteve a raiz pensada para história dando um ar de profissionalismo a produção. As atuações no geral me agradaram muito e estou curiosa pela continuação, espero que invistam logo numa segunda temporada.

Assisti A Esperança- O Final na quarta feira e desde então me pego, em diversos momentos, pensando sobre esse filme. Como fã da saga, tanto dos livros como dos filmes, não vou negar que fiquei preocupada quando anunciaram que dividiriam o último filme, se não haveria uma perda de ritmo e qualidade na história com isso, todavia saí do cinema gratificada.
Sei que muitos podem falar que o final é previsível demais mas na verdade não é, o que acontece é que é uma série baseada em um livro muito lido sobre o qual existem n spoilers na internet. Para mim, o final mostrou-se tão chocante quanto nos livros e trouxe uma riqueza em detalhes que não pensava ver.
Como amante do cinema e fã, sei que diversas vezes se modificam aspectos em uma obra para adaptá-la, afinal cinema e literatura são linguagens distintas, contudo essa saga me surpreendeu pela fidelidade a obra. O filme teve um bom curso, com atuações excelentes (a própria Katniss estava ali e não a Jennifer) e trouxe uma riqueza em detalhes que muito me agradou. Poderia ser um único filme? Obviamente sim, mas nós mesmos reclamaríamos pela falta de muitos elementos. Mockingjay é diferente dos demais livros, ele é mais complexo por todo o panorama político envolvido, são os detalhes que dão a sutileza da obra, sem eles a história perde veracidade, fica um tanto utópica (com o perdão do trocadilho). Com dois filmes a obra foi melhor explorada, mostrou a revolução acontecendo gradativamente, assim como a luta interna de uma Katniss totalmente quebrada após a barbárie dos jogos, que se vê imersa em uma guerra, sem a ajuda do Peeta que era um porto seguro, enquanto o mundo afundava, sem a ajuda de si própria e sua superação, a necessidade de seguir em frente.
O que mais gostei foi o final, não por ser em si com o Peeta, mas por mostrar esperança. Collins no final de sua obra traz uma mensagem bonita de que a vida continua e o mal não acaba, mas o filme traz mais, a vida pode ser feliz, existe esperança por mais que o mundo tenha nos destruído, enquanto tivermos vida podemos recomeçar. Piegas? Sim, mas num mundo solitário como o nosso sempre é bom ouvir que temos salvação. Obrigada a Suzanne Collins por escrever essa obra e ao Francis Lawrence por dirigir essa adaptação tão bem, vocês comoveram naquela sala de cinema uma garota que se sentia perdida com a vida e mostraram que sempre existe esperança.