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Duna: Parte 2
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O filme é lindo. Ele é dotado de uma qualidade que eu admiro muito na cultura oriental - a sutileza. Fato é, quando bem transmitida, uma mensagem implícita consegue ser tão voraz quanto àquela que chega aos urros.
Talvez seja por isso que não consegui terminar o filme, a história dele falou com a minha de um modo bem intenso. Acho que também preciso que se completem 12 anos para que eu, finalmente, possa confrontar algumas lembranças.
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Achei o enredo bem frívolo, superficial. E isso, para além do fato de o filme ter como pano de fundo um pós-guerra, muito mais complexo do que o retratado.
É que, eu, particularmente (frisando: na minha perspectiva, na minha opinião), não gosto muito desse nicho: a mulher burguesa que se sente desamparada pelo marido, em um estilo de vida idílico (que ela não abdica) e, por sinal, é bancado por ele - que trabalha muito para isso, por isso nunca está em casa. Em razão do "desamparo", justifica-se a traição, sempre com um cara bem bonito (o casting é sempre perfeito, de fato), viril, disponível etc.
Acontece que, o luto é vivenciado de forma muito peculiar. Alguns não conseguem superar a perda, como a Rachel. Outros, como o Lewis, preferem focar no trabalho, em alguma coisa que suplante a dor. Vejo no personagem uma pessoa bem sensata, que só queria seguir em frente, juntar os cacos e tocar a banda. Não só isso, ele tinha deveres e obrigações, que muitas vezes não permitem uma escolha - para quem tem responsabilidade, pelo menos.
O modo como o Lewis luta com a própria dor e consciência moral é retratado pela protagonista como "abandono". O desenvolvimento dos sentimentos da Rachel parece o de uma adolescente, quiçá uma criança. Por diversos momentos, senti muita imaturidade, infantilidade. Do tipo: "vamos assistir filmes, brincar na neve, fazer o cabelo" e o embrião da guerra fria se instalando lá fora.
Mas é algo comum nesses enredos - a realidade acontecendo na sua forma mais bruta, contexto em que se inserem os demais personagens ou só o marido, e a personagem feminina brincando de casinha, numa bolha em que somente existem os sentimentos e as razões dela. Mas, “Qu'ils mangent de la brioche"
Como mulher, não gosto muito de ser retratada dessa maneira.
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Que realização linda do Villeneuve! Não duvido que se torne um clássico.