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Minha alma é totalmente impregnada pelo amor à arte, principalmente, a de interpretar. Sou amante do teatro, e faço teatro desde criança. Sou leitor compulsivo, adoro viajar com os livros e criar as cenas na minha cabeça; uma vez ou outra me pego encenando os diálogos. Mas, minha maior paixão, não tenho receio de dizer, é o cinema. Quero poder um dia participar desse mundo, levar às pessoas os sentimentos que os filmes me proporcionam sentir.

Últimas opiniões enviadas

  • Leandro Braga

    O best-seller religioso de William P. Young chega às telonas em uma adaptação rasa e monocórdia de uma trama que propõe temas como luto, culpa, perdão e espiritualidade.
    Acompanhamos Mack, um pai devastado pelo assassinato de sua filha caçula. Ele recebe uma carta supostamente escrita por Deus o convidando para um encontro no lugar onde sua filha foi morta: uma cabana na floresta. Lá, ao se deparar com a materialização da Santíssima Trindade, Mack trilha uma jornada de confronto com seus demônios internos, questionando seus conceitos de Deus e de sua própria existência.
    O principal problema do longa é ter um roteiro que jamais se aprofunda em seus questionamentos: "Por que inocentes são mortos?", "Por que Deus permite que coisas cruéis aconteçam?", "Onde está Deus nos momentos em que mais precisamos?", "Existe justiça no mundo?", "Por que estamos aqui?". As respostas se resumem a diálogos ruins e frases de efeito, sobre como o amor é suficiente e maior que tudo.
    A direção peca ao desperdiçar momentos-ápice, cenas que poderiam ter força ou impacto, como quando Mack entra na cabana e descobre que sua filha está morta ou seu primeiro encontro com Deus, simplesmente passam. O diretor não consegue também extrair mais do que o óbvio de seu protagonista. Onde está a dor latente de um pai que perdeu sua filha em um crime brutal? Onde está a frustração, confusão e ódio ao estar de frente ao Deus que permitiu que aquilo acontecesse? Fica a sensação de que nada o atravessa. Já Octavia Spencer, a que se sai melhor do elenco, traz uma vivacidade, humor e calor maternal que dão frescor ao personagem, mesmo que sejam coisas muito próprias da atriz.
    A Cabana infelizmente não vai além do mamão com açúcar, com suas lágrimas de crocodilo e sua teologia florida, embora, claro, não seja impossível que emocione por tratar de algo tão subjetivo quanto a fé.

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  • Leandro Braga

    Cercas são erguidas para demarcar espaços, afirmar posses ou estabelecer limites. Tudo aqui se trata de como o protagonista constrói suas cercas.
    Troy Maxson é um homem que trabalha na coleta de lixo na Pittsburgh dos anos 60, ressentido com a vida, que fez com que seus sonhos fossem sendo drenados pelo tempo. Temos um papel realista do pai e marido provedor cuja noção de amor se resume a dar o sustento e colocar os filhos no caminho que aprendeu ser certo. Denzel Washington consegue imprimir as diversas facetas e agruras do personagem. Se nos identificamos com o homem que relembra uma infância de abusos, que o forçou a bater de frente com a vida e crescer, é também fácil reprovar seu comportamento autoritário e machista. Mas o que não se pode negar é que Troy é reflexo da época, uma construção do meio. Ele vê nos filhos a oportunidade de corrigir os erros de seu passado, e se enxergar vivendo através deles uma vida oposta àquela. Viola Davis tem um domínio descomunal de sua personagem, conhecendo cada centímetro do interior dessa mulher. Sua Rose é o retrato da resignação, a mulher que abdica de tudo para estar ao lado de seu homem, e abre mão de desejos e sonhos em função de ser mãe e esposa. A cena de seu breakdown, em que ela rebate todas as frustrações do marido com as suas próprias é visceral.
    A alma do filme está no texto magnífico de August Wilson, que destrincha as relações humanas de uma forma impressionante, deixando nas falas de seus personagens um amargo intrincado de feridas expostas. É um filme textocêntrico e, em alguns momentos, verborrágico. Falta respiro para que absorvamos tudo o que foi dito. Os silêncios que poderiam revelar muito mais são quase inexistentes.Tudo é falado.
    A natureza teatral do longa não me incomoda, fica a sensação de estar assistindo a algo de outro tempo. A marcação é muito bem feita e preenche o espaço, mesmo que consigamos visualizar que tudo foi marcado, como numa cena teatral. Infelizmente, isso acaba nos privando de uma experiência mais profunda enquanto cinema. A força está no texto e nas atuações. E o elenco, íntimo de seus personagens desde o palco, saboreia o texto e entrega toda a complexidade pedida.
    As cercas (ou limite, rs) do título estão nas mágoas e medos que vão sendo erguidos ao longo da vida, frutos de traumas e intolerância. O que permanece no espectador ao fim da projeção é a necessidade de digerir tudo e o autoquestionamento sobre família e relações pessoais.
    Como transpor as próprias cercas?

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  • Leandro Braga

    O íntimo da alma do Wolverine é esmiuçado no filme mais ousado e adulto da franquia.
    Bryan Singer, em seus longas, nos mostrou o herói de instinto bestial que, colocado à frente dos X-Men, protege seu grupo ao mesmo tempo em que busca suas origens. Aqui, temos apenas Logan, em sua forma mais honesta e humana, consciente de quem se tornou e tendo que lidar com seus demônios mais obscuros.
    É 2029, os mutantes estão extintos e Logan tem que trabalhar como chofer para pagar os remédios de seu mestre Charles Xavier, que enfrenta algum tipo de doença neurológica degenerativa. A cena inicial já dita as regras do que vem a seguir: muito gore e violência. E é exatamente por não estar preso à classificação indicativa ou a um público, que James Mangold tem total liberdade para expor o extremo tanto da natureza animalesca do homem com garras, quanto de seu espírito inquieto.
    Hugh Jackman, que se despede do papel depois de 17 anos, reitera ser a encarnação do personagem, indissociável deste. Ele entrega uma atuação muito mais psicológica, carregada de nuances; um Logan velho, cheio de culpa e perdido em sua eternidade. Patrick Stewart já não traz um Professor Xavier modelo de sobriedade e intelecto, mas um homem que, no fim da vida, não está mais preso a nenhum padrão e tem uma sede absurda de viver.
    Quando entra em cena a garotinha mutante X-23, o conflito toma forma. Dafne Keen é misteriosa e consegue imprimir toda a revolta instintiva e a inocência da menina feita em laboratório para ser usada como arma. De repente, passamos a acompanhar um road movie árido e denso, repleto de sequências memoráveis. As cenas de ação são dirigidas com maestria, nada é gratuito, nem mesmo a violência demasiadamente gráfica. A ação é intercalada com momentos que nos permitem parar para entender a complexidade dos personagens e suas relações entre si.
    É gratificante ter um roteiro que se preocupa em aprofundar essas relações, as colocando em primeiro plano. Se Logan tenta se afastar de um possível laço emocional com sua recém-descoberta filha, é em Xavier que ele ainda vê um sentido para estar vivo. Os dois tem uma troca muito natural e profunda, fruto de um passado que os une, visível nas marcas em seus corpos.
    O universo que nos é apresentado coloca os já extintos X-Men nas páginas dos quadrinhos. E assim o filme insere a história na nossa realidade, fazendo com que nos espelhemos na criança que idealiza heróis e aventuras, quando tudo no mundo em volta é grotesco. O legal da experiência de assistir ao filme é que ele reserva muitas surpresas que foram totalmente escondidas dos trailers. A sensação de que tudo pode acontecer é pungente, os personagens não estão protegidos por serem protagonistas. Tudo é fragilidade em ser humano.
    Logan durante toda sua duração tem um sabor de encerramento. E isso torna a experiência muito mais emocional e grandiosa. É o filme definitivo para os fãs do Homem de Adamantium, que o acompanharam e tanto esperavam por um longa solo à sua altura. É amargo, visceral e também sensível ao expor as cicatrizes de um homem, na selvageria de sua mutação, encontrando sua humanidade.

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