Into the woods

A história é simples: um menino é secretamente apaixonado pelo seu melhor amigo. Mas a magia sempre está em como uma história é contada e essa escolhe a metalinguagem de filmes de comédias românticas famosos americanos. São 12 episódios inspirados em 12 filmes diferentes, emprestando e unindo as temáticas, a coloração, os enquadramentos destes à 1 história só, totalmente amarrada ao enredo dos coadjuvantes que não ficam perdidos pelo meio do caminho.
A história se divide sutilmente em duas: inicialmente sob o ponto de vista do Third, o amigo apaixonado e posteriormente sob o ponto de vista do Khai se apaixonando pelo amigo apaixonado, fazendo referencia ao filme "O primeiro amor" (Flipped).
Em uma sucessão de maus entendidos e desencontros, a série trás como questão o amor. O que ele é, onde ele habita, como alcança-lo. Ele é cultivado ou é um estalo? Ele é a palpitação no peito, uma ereção? Ele pode habitar e coexistir numa amizade ou pode estragá-la? Pode ser alcançado com declarações, demonstrações de carinho? Onde começa e onde termina?
Como sugere a série, talvez o amor seja como assistir um filme, as vezes a premissa não lhe agrada de primeira, mas acaba ganhado espaço, basta você abrir seu coração para recebê-lo. Não necessariamente porque o filme é extraordinário, mas porque você esteve realmente disposto a vê-lo. Sem expectativas, observando os defeitos e tirando qualidades daquilo.
É isso que muitos BLs tailandeses trazem como proposta, sempre personagens que inicialmente não se consideram possíveis amantes e acabam se tornando a medida que vão se permitindo.
No geral, mesmo sendo uma grande comédia romântica e de ter me feito rir mesmo nos momentos mais tristes, a série é permeada por atuações de cortar o coração, machucando até os últimos minutos do último episódio. Seja na insensibilidade do Khai com seu melhor amigo. Seja nos momentos em que nada estava bem e, mesmo assim, todos tentavam seguir em frente e agir normalmente. Ou a morte de uma fada chamada Third, ao se fechar para o amor afim de proteger-se e não ser machucado novamente pelo melhor amigo. Levando o telespectador a se fechar também para as tentativas de redenção do Khai ao longo da trama.
Ou seja, é um grande clichê, inspirado em 12 grandes clichês do cinema de uma sensibilidade nada leve, visualmente e narrativamente, sendo pontual na questão em que quer alcançar, sem deixar desamparado os demais personagens. Aproveitem!

Pra mim, essa serie é sobre consequências de seus atos, é sobre tomar responsabilidade do que você faz ou deixa de fazer. É sobre o outro, além de si mesmo e também sobre omissão.
A série mostra que de perto ninguém é normal, nem é santo e que estamos sempre querendo por a culpa das coisas em alguém. E que às vezes, aceitamos que estamos errados, mas só até onde nos é conveniente.

Acho que a Hannah encontrou uma forma de ser ouvida, gravando as fitas e fazendo cada passar pelo processo de sentir o que ela sentiu e porque ela sentiu. Não é como se ela tivesse querendo culpa uma pessoa, ou julgar quem era a pior das pessoas. Ela só mostrou a dimensão que aquilo tinha, que foi só crescendo e a participação de todos para que ela se sentisse daquela forma.

Acho importante perceber que não da para agraciar todos os aspectos da temática da série. A tendência é que mais séries e filmes venham aperfeiçoando o que a anterior não fez, pra assim construir vários aspectos e interpretações e várias formas de comunicar as pessoas sobre determinados assuntos.