Lucas Silva

Aqui somos obrigados a acompanhar várias histórias que se desdobram em passado, presente e futuro. Os atores interpretam vários personagens em diferentes épocas, não sei ao certo se o propósito disso seja apresentação reencarnações (como vi em alguns comentários).
Enfim percebi algumas “metalinguagens” e gostaria de compartilhar para não ficar com a impressão de que A Viagem foi só minha.
Por exemplo: na cena em que o editor tenta a 1ª fuga do sanatório e é agarrado, ele grita: -”Soylent Green! Soylent Green é feito de humanos” é referência a um filme cult dos anos 70, com o mesmo nome; aqui chama-se No Mundo de 2020.
Aquela perseguição a repórter Luisa Rey nas ruas me lembrou o famoso blaxploitation shaft, por causa do personagem, não lembro o nome agora, que parece emular fisicamente o ator daquele filme.
Já a frase sobre “O oceano ser enorme, mas composto de gotas” me remeteu ao filme indiano Samsara: “como evitar que uma gota d’água evapore?”. Parece sem nexo, mas consegui perceber uma semelhança nisso.
Bom, o mais não digo, são muitas coisas pra assimilar, e só vi o filme uma vez...

Que atuação protagonista hein?! Puta filme, um clássico contemporâneo. Fotografias magistrais, diálogos curtos, ou quase inexistentes te prende aos mínimos detalhes, as expressões. Um filme sombrio e cru.

Quem nunca pensou em usar a violência como válvula de escape? O trabalho nos aliena, "as coisas que você possui, acabam possuindo você". O filme é uma ideologia pessimista, "liberdade é perder toda a esperança". Quando você termina de ver sente vontade de assistir novamente, todas as idéias do filme só servem pra confundir, criar conflitos e reflexões. Me fez lembrar uma frase que li, (não recordo onde) que dizia o seguinte: "Obras de arte não se auto explicam, a explicação fica por conta de quem as vê."