Paolla Arnoni

Nunca se trata só de um "filme de zumbis", nunca! O terror é uma crítica social ferrenha, um chacoalhão em nosso conformismo, um retrato realista do indivíduo. #LeNuitDevoreLeMonde é um poema em forma de filme. A solidão filosofal, aquela que sempre estamos sozinhos, independentes se acompanhados (seja por zumbis ou não), a questão dos nossos princípios e atitudes implícitas que ditam nosso comportamento estejamos sendo "vigiados" ou não, a massa de manobra, a busca pelo alimento primordial, a procura por uma companheira, saudosismo, sons, gritos, pequenos e simples prazeres, coisas que outrora eram importantes e não são mais, enfim! Um filme que revela a vida como ela é!

Filme profundo e reflexivo que faz você sair da sua 'zona de conforto' por meio de diálogos de deixar qualquer um boquiaberto. Adriana Esteves MARAVILHOSA engole o Brichta e o Cuoco e faz um espetáculo de atuação. Paisagens incríveis, e uma tensão fortíssima pelos conflitos internos da Anita (Adriana Esteves). A obra tem seus defeitos, claro. Os minutos iniciais do filme que são perfeitamente descartáveis, e a maioria dos personagens que não fazem a menor diferença na trama. No entanto, tudo isso é facilmente deixado de lado, se você se deixar envolver pelas citações fantásticas de obras literárias feitas pelos personagens, principalmente pelo Cuoco. Recomendo!

O filme explora a fama dos teatros serem mal-assombrados, mas exagera na mão. O "vilão" é fantástico, mas escancarado, o que faz perder a graça do mistério, do desconhecido. Sustos idiotas e atuações péssimas banalizam a obra. Em suma, a película tem seus momentos, daria um ótimo curta. Só. Uma pena.