Aglae

A narrativa do filme, apesar de ficcional, é perfeitamente realista, claro que há falhas, mas a vida real também não é assim tão perfeitinha, rs. Talvez não tenha a elegância de alguns filmes europeus e americanos, mas é F A N T Á S T I C O!
Nós brasileiros somos assim mesmo, amamos e odiamos com uma deselegância fenomenal. É a nossa identidade, como é a dos italianos, gesticular e falar muito alto. Não é nada para se envergonhar, mas sim para ser incorporado como cultura, mesmo.
Os atores são maravilhosos, a "Madona" é a imagem real de um crossdresser, até com aquela pontinha de ridículo que acontece pela a falta de harmonia entre a feminilidade e o corpo masculino. O "Elvis" está caracterizado de uma forma tal que seríamos capaz de tocar em sua hipersensibilidade. O humor surge então, para que a narrativa adquira a suavidade necessária ao se abordar tema tão polêmico.
Relacionamentos com crossdressers, não são tão incomuns quanto se pensa. Uma coisa é o gênero, outra coisa a sexualidade, embora haja tanta ignorância no momento de colocar em prática certos conceitos.
O filme tem uma velocidade perfeita e um final glorioso, recomendo.

A velocidade do filme é intencional, ela nos faz sentir a rotina diária das personagens. A vida lenta e enfadonha, sem grandes perspectivas e caminhando para onde todos estamos: a última viagem. O roteiro, que é baseado em uma das parábolas de Buda, http://www.maisbelashistoriasbudistas.com/mostarda.htm, ficou maravilhosamente bem ambientado na realidade nordestina, no homem simples e comum. Um filme forte, de infinita ternura e fincado na realidade brasileira. Indico para quem aprecia a temática.

Alguns filmes me fazem agradecer por estar viva e ter oportunidade assisti-los. Esta é obra capaz de transformar o espectador. A pessoa não é a mesma ao final dele. Ele nos deixa com a sensação de estarmos mais vivos e brilhantes.
Maravilhoso!