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Teorema
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depois de "le rayon vert", esse é um dos melhores do Rohmer, só perde por conta do personagem principal ser entediante, mas até ai tudo bem, já que a galeria de personagens masculinos dos filmes dele é formada por homens tediosos. As mulheres e as garotas são os holofotes, elas que movimentam a trama, as figuras masculinas são meros pretextos. Aliás, o roteiro desse filme poderia - na verdade deveria - ganhar um livro. Pra quem gosta de divagar sobre o que é amar e estar com alguém, são diálogos maravilhosos.
Os últimos 20 minutos do filme possuem uma delicadeza sensitiva que não encontrei em nenhum outro diretor. Essa mesma sensibilidade do corpo está presente em todos os filmes da série, mas este foi o que melhor aproveitou da sensibilidade tátil do corpo de tal forma que nós, do outro lado da tela, conseguimos sentir quase que fisicamente o toque.
Além disso, recomendo assistir num clima frio e chuvoso. Vai dar outra experiência.
45° Mostra internacional de Cinema de São Paulo
Escolhi esse filme autobiográfico de Karim Aïnouz para inaugurar minha volta aos cinemas após quase dois anos e felizmente tive uma bela decisão. A obra fala por todos aqueles que, por infortúnio ou dura deliberação consciente, foram privados do conhecimento de suas próprias raízes. Aos mais de 6 milhões de Brasileiros que, assim como eu, nunca foram registrados com o nome paterno, esse filme é um abraço dos mais apertados para mostrar que a vida é mais do que uma lacuna na nossa história, afinal, nem sempre esse espaço está vazio. Foi preciso ir longe, até as montanhas da Argélia, para que pudéssemos compreender por meio de pores do sol regados de sangue que a história de quem vem depois nada tem a ver com a dos que vieram antes. Entre ontem e hoje existe o irreconhecível do novo; a esperança que configura e molda o que é novo.