Fabricio

Li que a trilha sonora de parte do filme é clichê. O que não mais é clichê, se tudo está acessível atualmente?

Assisti ao filme e não me arrependo. Chorei, ri, fiquei angustiado e sem respirar momentos. A história desnuda-nos como humanos e desumanos que somos e desmistifica o 'porquê' dos não finais felizes. Trilha sonora perfeita que se adequa a cada singular momento. E o que dizer do tamanho da tela que ora parece diminuir, ora aumentar, de acordo com a intensidade do momento? Quase mágico! Quer experienciar isso? Assista, despido de pré conceitos que já tenha lido sobre este filme. Deixa para dias após ter visto o mesmo tirar suas próprias conclusões. Porque certamente ficará refletindo por um tempo...

As vezes você descobre algo que você precisava muito descobrir. As vezes na vida você fica meio paralisado e sente que precisa fazer mudanças mas não consegue. Mas haverá um tempo que você não mais poderá procrastinar decisões.

" Haverá por certo, um tempo para o fumo amarelo que desliza pela rua. E esfrega as costas nas vidraças. Haverá tempo. Haverá tempo de compor um rosto para olhares os rostos que te olharem.Tempo de matar, tempo de criar. E tempo para todos os trabalhos em dias de mãos que se erguem e te deixam cair no prato uma pergunta. Tempo para ti e tempo para mim. E tempo ainda para cem indecisões. E para cem visões e revisões. Antes de tomar o chá e a torrada". T. S. Eliot

“A questão é que: nós todos queremos ser lembrados.” Talvez não tenhamos sido amados por muitos que queríamos, mas fomos amados profundamente por aqueles que nos amaram. Nos últimos dias constantemente deparo-me com uma pergunta no facebook que me questiona: - “ quais são algumas de suas lembranças favoritas?” E esta noite, após acabar de assistir ao filme A culpa é das estrelas, vou respondê-la.

Lembranças da minha infância, que foram dias de vida contados em um tempo, mas que dataram uma eternidade, como em brincadeiras com minha mãe no sofá caindo no chão e voltando correndo para o mesmo ouvindo ela me chamar de meu pretinho. Determinados olhares que falaram mais do que muitas palavras. Gargalhadas, beijos e medos que até hoje me fazem me sentir vivo. Caminhar na chuva com tia Inês. Sentir-me acolhido por cada irmão que me adotou. Ou sentir a dor materializar no meu peito e ter vontade de arrancá-la quando da partida definitiva do meu pai. Ou ainda, segurar o máximo que pude o choro e a vontade de gritar quando com algumas malas observei Flavia levar ao partir junto com Alan para o novo lar que iriam formar.Aprender que toda forma de inutilidade ao lado do outro até o fim é uma das provas de amar. Observar Arthur, seguro em meus braços e contemplar aqueles olhos arregalados me olhando após suas primeiras horas de vida naquela tarde chuvosa e fria de fevereiro após toda luta que sua mãe passou. Reconhecer no olhar de cada cão resgatado, a gratidão. E recordar que inúmeras vezes, Deus, como um bom Pai acolheu-me novamente a cada resgate que fez de mim. E saber que uma moça, uma única, onde quer que esteja em qualquer canto do planeta ao ler a expressão “Ee” irá compreender que duas letras sintetizam que quando o amor é demais não caber expressarmos somente com palavras até porque já estava escrito nas estrelas, antes mesmo que a culpa fosse delas.

Este texto era para ser uma resenha, mas agora sim, A Culpa é das estrelas que evocaram em mim um emaranhado de sentimentos que afloraram à pele e me fizeram novamente, sentir-me vivo. E também da Rayane que deu início à leitura do livro, emprestando-me e do Paulo Ricardo que inadvertidamente sugeriu em sua linha vistas a este belo filme.