Josinei

"Falta misturar sexo e cinema, tudo é muito artificial" - Esta fala de Murphy praticamente resume o filme.
Não há um sentido maior que este para explicar, vemos um típico drama de um cara que acaba ferrando a vida e destrói seu relacionamento que já era complicado.
Mas o que chama a atenção é mesmo as belas cenas de sexo, inclusive das melhores que já vi. Vi que alguém o categoriza como um pornô cult, talvez seja isto mesmo, mas não de forma pejorativa, há quem consiga extrair arte do pornô e este com certeza foi o caso.

Podemos explorar este filme de duas maneiras. A primeira é da empregada Val, que após ficar dez anos trabalhando para uma família de classe alta tem seu cotidiano perturbado quando sua filha, Jéssica, resolve prestar vestibular em São Paulo e parece não entender as "regras invisíveis" do convívio entre patrões e empregados.
A segunda maneira é a análise social que se dá entre patrões e empregados, onde os segundos não passam de seres humanos de segunda categoria.
Apesar de não apelar para um drama pesado, "Que Horas Ela Volta?", chama a atenção pelas excelentes atuações e as mensagens sucintas a respeito do comportamento das classes altas brasileiras em relação aos seus empregados. O papel do empregado que vai de serviços como "servir" água até criar os filhos.
A imagem do garoto Fabinho que contribui com a visão de uma classe que possui os recursos mas não sabe usufruir deles.

Por fim, não há muita esperança para o Brasil ganhar um Oscar, apesar deste filme ser muito bom, acredito que a academia não irá simpatizar tanto com a Val quanto os pobres que aqui habitam, mas a esperança é a única que morre.

P.S - Não peguem o sorvete do Fabinho!

Houve um tempo no cinema em que falas nem existiam, a experiência era meramente visual (e emotiva é claro).
A tecnologia conseguiu introduzir bons diálogos à trama visual, mas esta mesma tecnologia também trouxe uma geração de pessoas que assistem a um filme ao mesmo tempo que estão mandando mensagens no Whatsapp e Facebook.
O mais legal de The Tribe é a necessidade de não desgrudar da tela segundo nenhum para poder entender o todo.
Uma obra toda feita em linguagem de sinais e praticamente sem trilha sonora exige um poder de interpretação e observação mais aguçado do que geralmente usamos em salas de cinema.
No mais, a história é muito boa, não existe amor, é apenas um jogo de interesses, onde nesses interesses por várias vezes podemos encaixar violência gratuita e sexo.