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  • Léo Bastos

    O SILÊNCIO DO PESADELO
    por Leonardo Bastos

    - Não saberia dizer por que valeria a pena lutar, qual motivo que o decidiria recorrer ao que havia de mais profundo em seu ser e a tudo que havia herdado das personalidades que atravessou seu caminho...
    Estendeu os braços para o céu cristalino e radiante
    "Eu me conheço", gritou. "mas isso é tudo".

    Este Lado do Paraíso - F. Scott Fitzgerald

    O Sexto Sentido é inquestionavelmente um dos filmes mais importantes da década de 90 e não foi à toa que firmou o até então desconhecido M. Night Shyamalan como uma grande promessa (prefiro não lembrar dos tropeços seguintes do cineasta), já que este comanda uma atmosfera de tensão construída com uma verdadeira precisão cirúrgica, cada movimento de câmera é executado com a pacatez necessária para que a inquietação esteja presente continuamente e o que for mostrado em tela seja uma incorporação visual de um incômodo já existente no espectador desde o primeiro plano. Na medida em que projeção avança, o suspense vai se destrinchando em camadas de drama, já que o pânico vai dando lugar à dor absorvida dos personagens. Não é uma estória especificamente de concretização de temores que nos assombram acerca do pós-morte, por mais que pareça, na realidade é sobre o sentimento de estar incompleto e deslocado, que é compartilhado tanto pelos personagens vivos quanto por aqueles que não fazem parte mais da matéria física. Sobre a incomunicabilidade que pode nos distanciar um dos outros e fomentar pesadelos.

    O enredo já propagado do garotinho que tem sua vida tumultuada pela capacidade de vê (e conviver) com espíritos e recebe ajuda de um psicólogo infantil que enfrenta os impactos emocionais de estar envolvido em uma tragédia recente com um dos seus pacientes e problemas conjugais ganha contornos cada vez mais complexos a cada revisita. O famoso plot twist – que a essa altura do campeonato já é conhecido por geral. Ou alguém aqui ainda não sabe que Bruce Willys descobre estar morto no final? (putz, escapou!) – demonstra ser menos importante pela surpresa em si do que pela síntese de tudo que o filme busca instigar.

    Curioso como Shyamalan emprega a cor vermelha – que é associada geralmente no cinema à violência e paixão - durante o filme para reforçar seus paralelos de morte e distanciamento, desenvolvendo uma simbologia recorrente que ajuda a esboçar o arco dos personagens. Reparem, por exemplo, no uso da cor na maçaneta da porta que o Dr. Malcolm tenta abrir em vão frequentemente e nos figurinos trajados por sua esposa. O desalento faz parte do estado de espírito daquela mulher que o marido tanto tenta decifrar e se conectar novamente, o vermelho funciona como a ponte quebrada entre dois. Isto estabelece o elo fundamental com Cole, já que um abismo se efetiva também com o jovem e o mundo ao seu redor. Observem que a cabana de lençol criada pelo garoto para se isolar de seus tormentos é vermelha e estes começam a se dissipar é quando Cole decide dar espaço para ouvir um dos fantasmas que está justamente dentro de seu campo de proteção, tanto é que o vermelho que fazia parte também de suas roupas é substituído pelo verde depois de um momento chave do filme. Sendo assim é formidável que a resolução encontrada para seus conflitos esteja na libertação de sua redoma interna, com o estabelecimento de um contato que foi reprimido por tanto tempo, que é visível na belíssima cena de desabafo entre mãe e filho, em que essa carrega um suéter vermelho. Assim, os dois protagonistas têm sua ligação traçada, que inclusive já é constatada em umas das sequências iniciais, em que caminham juntos pela rua cercada de tons vermelhos nas paredes.

    Aliás, cabem aqui os devidos elogios às performances centrais de Haley Joel Osment e Bruce Willis. O primeiro confere uma carga emocional repleta de angústias e cansaço mental ao personagem, que ainda exibe uma preocupação tocante com a mãe. Em seu olhar imergimos em total empatia pelo garoto e sentimos cada momento de sua perturbação. Já Willis entende perfeitamente que está encarnando um sujeito de temperamento racional mas repleto de incertezas, acertando em cheio em optar por uma postura mais contida, mas que habita uma imensa tristeza. Toni Collette é outra atriz que oferece um desempenho delicado, encarnando uma mulher esgotada que, mesmo a ponto de desabar a qualquer momento, encontra forças para buscar momentos de leveza com o filho, como visto na linda cena em os dois estão saindo do supermercado, que reforça que um roteiro bom de verdade não consiste apenas em sequências que fazem o conflito central andar, mas também naquelas que desenvolvem a relação dos personagens – ah, que saudade desse Shyamalan.

    E assim como os personagens de O Sexto Sentido, estamos todos vulneráveis à diversos silêncios internos que podem transformar nossas vidas num autêntico inferno. Ver um ente querido se destruindo aos poucos e se sentir inútil por não saber a raiz de suas razões para agir, ter uma relação de mágoa mal resolvida que se mantém em aberta durante o passar dos anos, se dar conta de que a pessoa com quem você se manteve em completa sintonia por uma vida inteira agora não passa de uma estranha e procurar culpa pra isso tudo em suas escolhas. Quantos de nós não nos identificamos com dilemas como estes apresentados e muitos outros? Sabemos bem que a morte pode chegar sim a qualquer momento, mas enquanto ainda nos encontramos vivos. A questão é: podemos ser todos mortos-vivos assombrados por fantasmas que desconhecemos e deixar esse medo acabar lentamente com nosso prazer de existir. Podemos nos render e aceitar o sofrimento como uma condenação imutável. Mas o medo só tem efeito quando é desconhecido e não confrontado. Cole mesmo fala para Malcolm que muitos mortos só enxergam o que querem enxergar. Afinal de contas, quantas vezes já morremos e não nos demos conta disso?

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  • Léo Bastos

    A Outra é o filme mais subestimado da extensa filmografia de Woody Allen e um de meus favoritos da vida. Fugindo do padrão comédia habitual do diretor e roteirista, é um drama sobre uma personagem incapaz de lidar com os próprios sentimentos. Uma obra que merece ser descoberta e reconhecida.

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  • Léo Bastos

    A jornada de libertação e redescobertas de Alice, que passou a vida abafando seus sonhos em prol das vontades alheias - dos pais ao marido - e agora, viúva e com um filho para criar, luta para encontrar um rumo sem que, para isso, precise se render novamente à submissão. Aliás, o título é perfeito e consegue sintetizar todo o espírito. Obra singular na filmografia de Scorsese, uma das mais doces que este dirigiu. Dinâmica encantadora entre Ellen Burstun e Alfred Lutter. Um belo filme.

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  • Filmow
    Filmow

    O Oscar 2017 está logo aí e teremos o nosso tradicional BOLÃO DO OSCAR FILMOW!

    Serão 3 vencedores no Bolão com prêmios da loja Chico Rei para os três participantes que mais acertarem nas categorias da premiação. (O 1º lugar vai ganhar um kit da Chico Rei com 01 camiseta + 01 caneca + 01 almofada; o 2º lugar 01 camiseta da Chico Rei; e o 3º lugar 01 almofada da Chico Rei.)

    Vem participar da brincadeira com a gente, acesse https://filmow.com/bolao-do-oscar/ para votar.
    Boa sorte! :)

    * Lembrando que faremos uma transmissão ao vivo via Facebook e Youtube da Casa Filmow na noite da cerimônia, dia 26 de fevereiro. Confirme presença no evento https://www.facebook.com/events/250416102068445/

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