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  • Mel Portela

    La La Land: bonitinho, mas ordinário.

    Eu preciso confessar: não sou fã de musicais. Tenho muitos problemas com esse gênero e raramente sou fisgada por filmes do tipo. Óbvio que existem exceções, como "Cantando na Chuva", "O Mágico de Oz", "A Noviça Rebelde" e, recentemente, o ótimo "Sing Street" (que não é o típico musical norte-americano, em que as pessoas parecem sentir uma vontade incontrolável de sair cantando e fazendo coreografias mirabolantes no meio da rua).

    Porém, mesmo indo contra todos os meus instintos, e por conta de todo o furor causado por "La La Land" no circuito cinematográfico, resolvi ir assistir ao filme. E eu fui de coração aberto, despida de todo e qualquer tipo de preconceito. Claro que o fato de se tratar de uma obra assinada pelo Damien Chazelle ajudou bastante no processo de deixar as implicâncias de lado, pois seu último trabalho, "Whiplash", foi digno de um diretor audacioso, inteligente.

    Encontrei uma sala de cinema completamente abarrotada, como há muito não via; sentei-me; acomodei-me; esperei. Começa o filme. O primeiro letreiro avisa que a produção foi gravada em CinemaScope, uma tecnologia comum nas décadas de 50 e 60. Ousado, muito ousado. De repente, pessoas cantando, reproduzindo uma coreografia perfeitamente ensaiada, quase mecânica, uma explosão de cores como se o mundo fosse feito em Technicolor num plano-sequência (?) praticamente perfeito. Eu já não conseguia mais ficar sentada, qualquer posição me incomodava. 3 minutos de filme.

    Temos os primeiros vislumbres de Emma Stone e Ryan Gosling, um mau começo para os dois. De início, somos apresentados à vida de Mia (Stone), para só depois nos familiarizarmos com Seb (Gosling). Num terceiro momento, temos os dois finalmente juntos e, a partir daí, inseparáveis (mas nem tanto). E aqui, devo dizer, o fato de Emma Stone e Ryan Gosling serem extremamente simpáticos ajudou bastante para que eu não entrasse em um modo catatônico e parasse de prestar atenção na projeção que se desenrolava diante de mim. Mas nem mesmo o carisma descomunal dos dois foi suficiente para me fazer gostar de "La La Land".

    Eu gosto da Emma Stone, ela é uma boa atriz. Não tem muita profundidade, sejamos realistas, mas consegue fazer seu trabalho de maneira decente. Acho que "Birdman" foi seu momento menos "Emma Stone" de todos, pois consegui enxergar um pouco além dos olhos arregalados e da boca semiaberta, suas marcas registradas. Sempre tive minhas ressalvas em relação ao Ryan Gosling, que foram desfeitas ao assistir "Lars and the Real Girl" (2007), em que o ator interpreta um papel muitíssimo distante do status de galã que faz questão de reafirmar no musical de Chazelle. Pois bem, nem Emma e nem Ryan são cantores, muito menos dançarinos. Contudo, parece que todas as críticas sobre o filme relevam esses detalhes, especialmente devido à exuberância forçada que o diretor exibe ao longo da projeção e à química entre os protagonistas. A dura realidade é que Stone não é nenhuma Debbie Reynolds, e muito menos Ryan um Gene Kelly. Eu não consegui relevar. Foi estranho, foi incômodo.

    Aliás, toda a experiência foi incômoda. Chazelle é um diretor ousado, que tem um domínio técnico impressionante, ainda mais quando levamos em consideração a pouca idade (se bem que o Martin Scorsese também tinha 31 anos quando fez "Caminhos Perigosos"). Mas, ao meu ver, tentou dar um passo maior que as pernas. Talvez entorpecido pelo que alcançou com "Whiplash", não sei. Só sei que faltou humildade. "La La Land" é um filme pretensioso e, ao mesmo tempo, ordinário, comum, que se esconde por trás de uma iluminação correta e uma boa direção de arte.

    Então vamos aos problemas: a obra é dividida por estações do ano (como já entrega o subtítulo em Português "Cantando Estações"). No entanto, fica um pouco complicado de percebermos isso quando o cenário de fundo é Los Angeles. Fora a legenda na tela indicando que passamos da primavera para o verão e assim por diante, nada mais nos remete ao que parece ser algo importante para o desenrolar da narrativa: nem o cenário e nem a fotografia. Então, seja verão ou outono, tudo o que paira é a aura do amor entre Mia e Seb em cores berrantes. Ah! Mia usa azul nos dois invernos. Chocante!

    Não que a fotografia do filme seja, em si, ruim. Muito pelo contrário. É bonita até demais. Como falei, a iluminação é correta, beirando a perfeição. Viram o problema? Quando eu assisto a um filme fotografado pelo Lubezki, por exemplo, eu não preciso ser constantemente lembrada por truques de luz que ele é um mestre da cinematografia. Mas Linus Sandgren não é Lubezki. E o pior: está acostumado com diretores pretensiosos que têm os olhos maiores que a própria cara, pois colabora frequentemente com David O. Russell (um protótipo do Martin Scorsese que deu errado). Como falei: bonitinho, mas ordinário. Não é inovador, não é arrebatador, não é excepcional. E, sinceramente, "bonitinho" é um dos piores adjetivos que podemos atribuir ao que quer que seja, não é mesmo?

    E isso nos leva ao roteiro "bonitinho": menina encontra menino; menina se apaixona por menino; menina e menino vivem momentos inesquecíveis; problemas acontecem. Tenho que dar o braço a torcer que, aqui, ele até tentou fugir um pouco do "e viveram felizes para sempre". Se não tivesse apelado para o sentimentalismo barato, talvez eu até desse um desconto. Mas não foi o que aconteceu. Não vou dizer qual defecho o diretor escolheu para sua obra, pois seria injusto com aqueles que ainda não assistiram ao filme. Só basta dizer que, mesmo querendo fazer algo diferente, não foi nada que nunca tivéssemos visto antes. E, para concluir, ainda passou uma liçãozinha de moral básica sobre sonhos, expectativas, determinação e realidade. Desnecessário. Demasiadamente desnecessário.

    Eu não duvido que muitas pessoas gostem, realmente, de "La La Land". É um filme feito para ser gostado. Só não entendo como olhos mais atentos têm se deixado enganar, conferindo ares de obra-prima a uma produção que tem todo o potencial para virar clássico da Sessão da Tarde. Tudo bem que a direção é convincente; que existem algumas metáforas interessantes (como o amor de Seb pelo Jazz, que serve como pano de fundo para falar da própria Hollywood e sua Era de Ouro); que os olhões da Emma Stone fazem com que seja impossível não gostar dela… Mesmo assim, todo o conjunto fica muito aquém dos grandes musicais já produzidos por Hollywood (e faço a comparação pois, segundo o diretor, sua intenção era resgatar a magia desses filmes); muito aquém da genialidade conferida à obra; muito aquém das expectativas de quem queria, do fundo do coração, ter gostado desse filme.

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  • Mel Portela

    Em 2001, o jornal The Boston Globe contrata um homem chamado Marty Baron (Liev Schreiber) como seu novo editor-chefe, gerando certa tensão entre os funcionários do local, que temem por seus empregos. Além do mais, Marty é o primeiro judeu a comandar a redação do Globe e isso, por si só, já é motivo para algum estranhamento, visto que a maioria das instituições na Cidade de Boston estava, de uma forma ou de outra, sob o domínio da Igreja Católica.

    Mas o que isso tem a ver com os "segredos revelados" de "Spotlight"? Já vou chegar lá!

    Baseado em fatos reais, o filme narra os esforços de um grupo formado por quatro jornalistas investigativos do jornal em questão para expor os casos de centenas de crianças e adolescentes que foram abusados sexualmente por padres em Boston e proximidades. E mais do que isso: desmascarar todo um sistema corrupto e sujo no qual membros do alto escalão da Igreja estavam envolvidos no estado de Massachusetts, já que tinham consciência dos fatos e usavam sua influência para enterrar qualquer evidência prejudicial à imagem da entidade.

    Em dado momento do filme, um dos personagens diz que alguém "de fora" pode ter uma visão melhor sobre determinados acontecimentos. E, aqui, reside a importância de Baron para o desenrolar da narrativa. Partindo de uma pequena matéria publicada pelo periódico sobre um advogado local que representava dezenas de famílias vitimadas pelos abusos, o editor-chefe vê a oportunidade de algo maior, pois percebe que não se tratam de ações isoladas e muito menos independentes. Baron não se sente intimidado ou coagido, pois não possui vínculo com a Igreja (é judeu) ou a cidade (veio da Flórida) e, como bom jornalista que se preze, quer que o jornal vá atrás da história.

    A partir daí, acompanhamos a saga da equipe Spotlight, constituída pelos quatros jornalistas investigativos aos quais havia me referido no começo. Passamos a observar o trabalho realizado por Walter Robinson (Michael Keaton), Mike Rezendes (Mark Ruffalo), Sacha Pfeiffer (Rachel McAdams) e Matt Carroll (Brian d'Arcy James), além de descobrir, junto com eles, todos os absurdos cometidos não só pelos padres às crianças (muitas agora já adultas, uma vez que as violações datam de décadas), como também as práticas mais que reprováveis da Igreja na tentativa de encobrir toda a imundície em torno dos eventos.

    Em um outro review eu comentei que esse ano era dos cinematografistas, pois muitas das obras que figuraram no circuito de premiações tiveram na fotografia seu maior trunfo, enquanto os roteiros se mostraram fracos e/ou mal desenvolvidos. Porém, "Spotlight" seguiu o caminho oposto. Tom McCarthy, o diretor, abriu mão da estética para focar no enredo e seus personagens, o que não significa que a fotografia seja ruim. Não é. A decisão demonstra apenas que certas temáticas pedem um cuidado maior em sua evolução e, quando um realizador tem em mãos um conteúdo que, sozinho, já dá pano para muitas mangas, não precisa correr o risco de fazer escolhas artísticas muito refinadas para obter um bom resultado. Como em muitos aspectos da vida, menos pode ser mais no Cinema. Foi assim também com "A Grande Aposta" e não é coincidência que ambos sejam os dois melhores da temporada.

    Além do roteiro primoroso e bem resolvido, "Spotlight" também conta com um elenco afinado, em sintonia. Assim como Tarantino ressuscitou a carreira do Travolta com "Pulp Fiction", o mesmo parece ter acontecido com Michael Keaton depois de protagonizar o "Birdman" de Iñárritu. Um firme e seguro Keaton dá vida a Walter Robinson, chefe do Spotlight, e é dele a palavra final acerca da dinâmica a ser seguida pelos demais repórteres da equipe; Mark Ruffalo interpreta uma das cenas mais pujantes de toda a projeção, que resume o sentimento de seus colegas de trabalho diante da história que estão escrevendo; a atuação de Rachel McAdams é exemplar, servindo como contraponto à energia empregada por Ruffalo a Rezendes, mas não menos incisiva em suas investidas jornalísticas. Vale ressaltar que a evolução de McAdams como atriz não pode mais ser ignorada. Ela, definitivamente, conseguiu se desprender dos papéis anteriores em comédias teen e romances açucarados; Brian d'Arcy James completa o time do Spotlight, mas a principal função do personagem é revelar a apreensão de um pai e como isso o incentiva a, talvez mais do que todos ali, trazer à luz os horrores recém descobertos. Outra peça crucial para o enredo é o advogado Mitchell Garabedian, interpretado com destreza por Stanley Tucci. Principal elo entre os jornalistas e as vítimas, Garabedian, assim como Baron, é um "outsider" e emprega todo seu vigor para dar voz a seus clientes.

    A comparação entre "Todos os Homens do Presidente" (1976) e "Spotlight" é inevitável, tendo em vista que os dois lidam com a jornada de jornalistas comprometidos com a profissão e todo o empenho investido por eles para que a população tome conhecimento da veracidade dos fatos. Contudo, mais que exemplos de um Cinema bem feito, ambos são uma aula de jornalismo. E não apenas para os que já se encontram no mercado. Mas, principalmente, para aqueles que ainda estão em processos de formação, nas cadeiras das universidades.

    "Spotlight" é um filme de roteiro e atuação, que não precisa de recursos estilísticos intricados para cumprir brilhantemente o seu papel. É possível que em alguns momentos possamos sentir o estômago embrulhado perante o depoimento de algumas vítimas e a brutalidade com a qual esses predadores, pretensos homens de Deus, aproveitaram-se delas. Mesmo assim, são verdades que precisam ser ouvidas. E Tom McCarthy as conta com maestria.

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  • Mel Portela

    Depois de muito relutar, pois tenho uma certa implicância com obras do gênero, finalmente assisti ao novo filme da franquia "Mad Max".

    Logo quando foi lançado, li várias críticas positivas e alguns chegaram a dizer que se tratava do filme de ação da década. Pois bem, tenho minhas ressalvas.

    Todo mundo que me conhece sabe que o Cinema é uma de minhas maiores paixões, mas não é qualquer filme que me cativa ou convence. Ao longo do tempo, fui me tornando cada vez mais exigente e não poderia ter sido diferente dessa vez.

    O que observei em "Mad Max" é que o primor técnico tenta compensar as deficiências existentes no roteiro. E esse parece ter sido o ponto mais sensível dos filmes na temporada. Dos que assisti, apenas " A Grande Aposta" e "Spotlight" não me incomodaram nesse aspecto. E, embora tenha simplesmente amado "O Quarto de Jack", o filme também tem suas falhas na história.

    Mas voltando... A direção do George Miller é eficiente ao extremo e a montagem ajuda a manter o andamento frenético do filme. De fato, para quem gosta do estilo, é quase impossível se decepcionar. As sequências de ação são mais aceleradas que o restante e é preciso muito fôlego para acompanhar.

    Ambientação, maquiagem e figurino também estão adequados ao contexto pós-apocalíptico de "Mad Max", com cenários surreais e personagens mais surreais ainda. Porém, é a fotografia de John Seale que dá o toque final à obra. A alta saturação e contraste nas cenas diurnas, onde prevalecem as cores alaranjadas, dão espaço a uma paleta azulada, pálida, para os takes noturnos. Como falei anteriormente, em termos de técnica, o filme é redondinho. Os problemas surgem quando analisamos o enredo e o desenvolvimento dos personagens.

    Tom Hardy como Max, que nem é tão Mad assim, em nada lembra a interpretção visceral de " O Regresso". Não houve entrega, não parece ter havido muito esforço. No entanto, como Hardy é um excelente ator, o personagem é "passável". Para quem acompanhou os primeiros filmes da série, deve lembrar como Max era conflituoso, cheio de nuances e um prato cheio pra qualquer roteirista. Mas a direção não demonstra interesse em desenvolver essas características. O mesmo acontece com Charlize Theron. Embora ela esteja melhor que Hardy e consigamos vislumbrar uma tentativa de conferir maior profundidade à Imperatriz Furiosa, foi apenas uma faísca, pois nem isso é explorado.

    Eu cheguei à conclusão de que "Mad Max" é um filme de premissa, que gira em torno de uma ideia sem fazer questão de saber como seria colocar essa ideia em prática. É como se você tivessse toda uma partitura bem na sua frente e resolvesse tocar sempre a mesma nota.

    No final das contas, eu não sei quem é Max, Furiosa, Nux, Immortan Joe ou qualquer outro personagem. Nao sei suas histórias e nem o motivo de viverem daquela forma. O filme não me deu nada além de ação muito bem feita com uma explosão de sensações visuais.

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  • Filmow
    Filmow

    O Oscar 2017 está logo aí e teremos o nosso tradicional BOLÃO DO OSCAR FILMOW!

    Serão 3 vencedores no Bolão com prêmios da loja Chico Rei para os três participantes que mais acertarem nas categorias da premiação. (O 1º lugar vai ganhar um kit da Chico Rei com 01 camiseta + 01 caneca + 01 almofada; o 2º lugar 01 camiseta da Chico Rei; e o 3º lugar 01 almofada da Chico Rei.)

    Vem participar da brincadeira com a gente, acesse https://filmow.com/bolao-do-oscar/ para votar.
    Boa sorte! :)

    * Lembrando que faremos uma transmissão ao vivo via Facebook e Youtube da Casa Filmow na noite da cerimônia, dia 26 de fevereiro. Confirme presença no evento https://www.facebook.com/events/250416102068445/

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