Maria

Little from the Fish Shop se distancia bastante da versão da Disney para o conto da Pequena Sereia, assim como do original (de Hans Christian Andersen), embora seja o mais próximo entre as duas versões em se tratando de sua narrativa dura. Narrativa essa que se torna bem realista por retratar essa estória em um ambiente urbano moderno, com todas as suas mazelas. Em sua introdução é mostrado que Little (personagem principal) e toda a sua família real foram levados a deixar o mar devido à poluição causada pelos humanos. Se viram, então, obrigados à aprender a viver entre esses mesmo humanos, no porto mais próximo. Tiveram, assim, que suportar todos os males de um ambiente urbano, desde tráfico na porta de casa até assédios na rua. O príncipe não é mais príncipe, e sim um proprietário de uma casa noturna/bordel na parte mais obscura da cidade. Obscuridade essa que vem de uma fusão estética entre o realismo urbano e o expressionismo grotesco, dominado por tons de algas e vidro do mar, além de uma bela trilha sonora composta por Yann Tiersen. No entanto, ainda que o filme mostre uma critica a essa realidade urbana, forçada à Little, beira também um encantamento/submissão a essa mesma realidade.