Mia Sodré

O que eu amei nesse filme é que ele não é mais uma história de como o Aranha foi picado e se transformou no herói que é. Aqui temos um Homem-Aranha adolescente, que já sabe quem é, mas ainda está descobrindo quem pode ser. É um olhar diferente e bem bacana.

Eu não sei como a indústria cinematográfica ainda tem coragem de fazer filmes cujos heróis são os cavaleiros da Igreja Católica e o grande mal são as bruxas, sendo que essas bruxas nada mais eram do que mulheres que não se encaixavam no padrão "cristã penitente virtuosa" e/ou entendiam de chás e ervas.

A Inquisição condenou várias mulheres a mortes horrorosas após várias sessões de tortura e de estupro coletivo. Se a mulher falava uma língua diferente, era bruxa. Se curava alguém com algum chá, era bruxa. Se tinha um gato preto, era bruxa. Se um homem broxava com ela, era bruxa. E ainda foi dito que as mulheres roubavam os pintos dos homens e faziam ninhos com eles, alimentando-os com aveia.

Isso tudo me faz pensar em algumas questões:

a. será que esses homens, que torturaram e mataram milhares de mulheres ao longo da história, não estavam agindo não somente pelo poder de ser um homem e ter a possibilidade de ficar impune ao massacrar e humilhar mulheres, mas também tinham o intuito de acabar com elas para enterrar de vez todo um passado em que a mulher era a grande soberana e ia para as guerras, sendo considerada mais valente do que o homem?

b. como podemos, em pleno século XXI, ainda darmos audiência a filmes (e histórias em geral) assim, que colocam os grandes vilões da história conhecida da humanidade como heróis a serem aclamados?

O Fiennes conseguiu ser mais odiado com esse filme do que com seu papel como Voldemort. Meus parabéns, hein.