Geisa Souza

"Estas constelações [dor.desespero.sofrimento] não existem."

O anticristo está ligado estruturalmente ao ser humano e, talvez, precisa ser alimentado com as fatalidades da vida (ou da morte).
Certamente, em vários recortes do filme, abstraí o surrealismo e agonizei junto ao sofrimento de ambos os personagens, desde ao processo de anamnese do psicanalista aos surtos da 'paciente'.

Um filme que lhe prenderá os sentidos, despertará a insônia e fará que expresse um 'ufa!' ao final do epílogo.

O drama deste homem, apesar de ser apresentado em um palco onde a tecnologia está presente quase em totalidade em seu cotidiano, não é muito diferente do sofrido por mulheres e homem da atualidade. O filme explora as emoções intrínsecas do ser humano: carência, paixão, desejo sexual, amor, respeito. Outro ponto, que considero uma das 'almas' da trama, é a analogia ser humano x montanha-russa:

E relacionado a isto tudo, está o fato da relação interdependente ser humano-máquina: as relações com o outro são "aproximadas", e a máquina só existe se controlada, ou seja, há um suprimento das necessidades de ambos:

O filme é bacana, efeitos e fotografia impecáveis. Gostei de como foi trabalhado a dualidade entre religião x fé, sem tomar partido e deixando o espectador à vontade com suas escolhas, quebrando alguns paradigmas (nas entrelinhas). Porém, no decorrer do filme, começou a ficar desgastante, mas conseguiram driblar e fechar com chave de ouro. Belo filme.