Manie-Manie: Histórias do Labirinto

Neo-Tokyo foi um projeto lançado em 1987 (com estreia em 1989) que buscou mostrar o alto nível da animação japonesa e como esta forma de expressão poderia resultar em obras surpreendentes. A Kadokawa Shoten resolveu investir neste pequeno anime de apenas 50 minutos contendo 3 histórias curtas dirigidas por Rintaro (X Movie, Galaxy Express 999), Yoshiaki Kawajiri (Ninja Scroll, Wicked City) e Katsuhiro Otomo (Akira, Metropolis, Steamboy).

Tecnicamente, Neo-Tokyo tornou-se famoso por ser irrepreensível, principalmente por se tratar de uma obra totalmente feita à mão e em parceiria com a produtora Madhouse. Cada uma das 3 estórias possui um estilo bem peculiar, desde o tipo de animação utilizada até o trabalho de arte e o desenho dos personagens - e mesmo a forma narrativa de cada um. Rintaro criou uma obra mais surrealista, sem diálogos, apenas com músicas e efeitos; Yoshiaki Kawajiri fez um trabalho mais visceral, confiando mais nas imagens fortes a fim de transmitir sua mensagem; e Katsuhiro Otomo fez o episódio mais verborrágico - e tão impressionante quanto os demais.

O filme fornece cerca de 16 minutos para cada estória, onde cada diretor tenta destacar suas peculiaridades. Rintaro retrata um mundo graciosamente mágico e bizarro em "Contos do Labirinto" (onde a protagonista vaga por entre palhaços e demônios); Kawajiri Yoshiaki nos mostra sua afinação com as expressões faciais e a ultra-violência, na estória "O Corredor"; e Katsuhiro Otomo destaca suas ideias e sentimento anti-social em "Ordem Para Cancelar A Construção".

Obs.: Em termos de enredo, nenhum dos três curtas é particularmente brilhante. Como cada história é extremamente breve, ficou difícil criar algum roteiro muito elaborado ou uma trama intrincada. A proposta inicial era mostrar como a animação poderia ser usada para contar bem mais do que "historinhas felizes para crianças" (Como cotuma ser no Ocidente).

Como este anime, cujo nome correto é "Manie-Manie Meikyu Monogatari", possui um episódio dirigido por Katsuhiro Otomo, resolveram distribuí-lo nos Estados Unidos com o sugestivo nome "Neo-Tokyo" para aproveitar o estrondoso sucesso de "Akira" à época. Foi um esquema de marketing de uma das distribuidoras do filme, a Streamline Pictures.