Ciclo (Daire), 2014 – Direção de Atil Inaç | Nota: 3/5
Quem na Mostra retrasada teve a oportunidade de assistir o divertido “Hot! Hot! Hot!”, já de antemão posso lhe dizer: “Ciclo” é a sua versão depressiva.
Com uma estética até parecida com a daquele filme e personagens icônicos e até caricatos, retratando uma rotina vazia e cansativa, numa cidade e em locais de trabalho que nada acontece, o turco “Ciclo” traz um drama que trabalha ciclicamente até desaguar no final quase apoteótico, acompanhado da música de David Darling.
O roteiro é um pouco previsível, isto aliado ao ritmo lento do filme, pode desinteressar alguns espectadores mais impacientes. Entretanto, é um filme pra ser assistido assim, tal qual a trilha sonora, que é uma peça-chave e um primor. David Darling, músico instrumental, traz elementos do oriente médio ao lado de pesados saxofones, criando uma sinfonia desesperadora que acompanha a angústia de um filme que basicamente trata da perda e da depressão. Da dor de superar a perda – ou de não superá-la. Perda de um trabalho e um estilo de vida, perda de um ente querido (humano ou não).
Este é “Ciclo”, um filme de beleza estética – que por vezes mistura a narrativa aos sonhos do protagonista (ou seriam visitas espirituais?) –, mas depressiva. Ao passo disto, os ouvidos são premiados com a belíssima trilha de Darling (toda ela tirada de seu disco de 88, “Cycles”, ora recomendado). A história triste e bonita fica relativizada pela poesia que a cena e a música entregam ao espectador, e, no fim, o longa agrada sim e é daqueles que te faz lembrar e repensar algumas cenas. Um filme para ser assistido mais de uma vez.
Por: Guilherme Augusto Ramos Alves
Dois Amantes e um Gato (Pascha), 2013 – Direção de Ahn Seon-Kyoung | Nota: 3/5
Uma obra que mostra a relação entre uma roteirista de 40 anos, um garoto de 17 e seus gatos e o preconceito do qual os amantes são vítimas. Uma ideia simples que normalmente daria lugar a um filme simples, algo que não é permitido pela diretora Ahn Seon-Kyung, já que Dois Amantes e um Gato não segue uma linha cronológica.
A beleza do filme reside em sua crueza, com planos longos, pouca trilha sonora e em um momento específico que fará os mais sensíveis passarem mal, porém não consigo deixar de pensar que o artifício da quebra da linearidade em nada acrescenta à narrativa - muito pelo contrário, visto que em muitas vezes me encontrei extremamente confuso, o que acabou gerando um distanciamento da obra, inicialmente tão imersiva.
Por: Luiz Moura
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