Django Livre era, definitivamente, um dos filmes mais esperados do ano pelos fãs de cinema. Não apenas por ser um filme de Quentin Tarantino, mas também por ser uma visão do diretor e roteirista para um gênero de filmes que ele sempre admitiu adorar: o Faroeste.
É claro que este faroeste não seria feito fora do "jeito Tarantino" de modificar e adaptar tudo ao seu gosto. Em vez de, por exemplo, se passar no Oeste dos Estados Unidos, Django Livre é ambientado no sul do país, dois anos antes do advento da Guerra Civil. É lá que um escravo encontra-se cara a cara com o dr. King Schultz, um caçador de recompensas alemão que está no encalço de assassinos, os irmãos Brittle, e Django é o único que poderá levá-lo até eles. O heterodoxo Schultz compra Django com a promessa de alforriá-lo após a captura dos Brittle – mortos ou vivos.
Com o sucesso da missão, Schultz liberta Django, mas ambos optam por seguir pelo mesmo caminho, mas o ex-escravo permanece focado no seu único objetivo: encontrar e resgatar sua esposa, Broomhilda, que ele perdera para o tráfico de escravos. A busca de Django e Schultz acaba por levá-los a Calvin Candie, o proprietário de “Candyland”, uma abominável propriedade agrícola. Se a dupla quiser escapar com Broomhilda, eles serão obrigados a escolher entre a independência e a solidariedade, entre o sacrifício e a sobrevivência.
O elenco escalado para este filme é uma atração à parte: inicialmente pensado para Will Smith (que gentilmente recusou por achar que não combinaria com ele), o papel do escravo Django foi parar nas mãos de Jamie Foxx que, entre outras façanhas, havia ganho um Oscar no papel de Ray Charles em Ray. “Nós nos reunimos e ele foi simplesmente sensacional”, relembra Tarantino. “Ele entendeu a história, o seu contexto e a importância histórica do filme. Ele entendeu 100%. Ele é um ator fantástico e tem a aparência perfeita para o personagem, mas tem também um quê de caubói. Quando eu o conheci, fiquei pensando que se, nos anos 1960, negros fossem escalados em faroestes, Jamie teria tido o seu próprio programa. Ele fica ótimo montado num cavalo e ótimo com aquele figurino”.
Outra escolha acertada que não tinha sido a primeira opção de Tarantino foi a de Leonardo DiCaprio para o papel do vilão Calvin Candie. “Eu tentei não ser muito específico ao escrever o personagem no roteiro, tentei não descrevê-lo demais, para deixá-lo aberto a interpretações", comentou Quentin a respeito do dono de Candyland. "Mas eu estava pensando em usar possivelmente um ator mais velho. E aí o Leo leu o roteiro e gostou, e nós nos reunimos e começamos a conversar. Eu comecei a imaginar como seria bem mais fácil transformar o personagem numa espécie de Calígula; um jovem imperador. Ele é um jovem príncipe muito petulante. Ele é um Luís XIV em Versailles. Então, eu quis explorar, de fato, essa ideia, do rei Luís XIV, só que no sul dos EUA. Candyland é uma comunidade completamente fechada, com cerca de 100km de extensão, ou seja, é um feudo. Ele tem o poder de um rei; ele pode executar pessoas e fazer o que quiser”.
Poucas coisas no filme são mais surpreendentes que a atuação de Christoph Waltz como o doutor King Schultz - não é à toa que ele ganhou seu segundo Oscar de melhor ator coadjuvante por este papel (o primeiro foi pela sua interpretação como o nazista Hans Landa em Bastardos Inglórios). “Eu lia o roteiro à medida que ele ainda estava sendo escrito”, relembra Waltz, que esteve presente durante a maior parte do processo criativo do filme. “Ele foi se desenvolvendo diante dos meus olhos, mais ou menos. Eu ia à casa do Quentin, ele me fazia me sentar à mesa, punha as páginas na minha frente e ficava observando enquanto eu lia. Foi um ritual maravilhoso. Eu fiquei muito emocionado por ele ter me deixado participar não da gênese do roteiro, mas da sua linha de pensamento.”
Se Waltz foi o grande colírio dos olhos em termos de interpretação durante a primeira metade do filme, a segunda metade fica por conta de Samuel L. Jackson, que interpreta o velho Stephen, escravo que cuida da casa e toma partido de seu senhor, tornando-se às vezes mais assustador para os outros escravos de Candyland do que o próprio Calvin. “É interessante a relação entre mim e o Leo e ela funciona tão bem quanto a relação entre Django e o dr. Schultz. A relação deles é quase ofuscada pela nossa relação”, comenta Jackson, elogiando a parceria com DiCaprio no filme. “Eu vivo na fazenda desde os tempos em que o pai dele era vivo e provavelmente devo ter passado muito tempo com ele quando ele era garoto e meio que o criei. Sou quase como o pai que ele perdeu. Em nossos momentos de privacidade, temos uma relação diferente daquela que se vê em público. A caracterização do Leo está fantástica, e quando nós dois estamos sozinhos, ele se mostra a criança de quem eu cuidei, a quem ensinei as coisas, com quem eu conversava, então, eu assumo uma relação mais severa tentando colocá-lo na linha e entender o que está acontecendo.”
Esses quatro ases aliados a um elenco brilhante que conta com Don Johnson, Gary Grubbs, James Remar, Kerry Washington e uma participação especial do próprio Tarantino, todos interpretando um roteiro bem detalhado e conciso, são os motivos para que o filme conquistasse inúmeros prêmios ao redor do mundo, como:
- AFI Award - filme do ano
- Melhor ator coadjuvante (Christoph Waltz)
- Melhor roteiro (escrito por Quentin Tarantino)
- Austin Film Critics Award: Melhor ator coadjuvante (Christoph Waltz)
- AACTA International Award: Melhor roteiro (escrito por Quentin Tarantino)
- BAFTA Film Award:
- Melhor ator coadjuvante (Christoph Waltz)
- Melhor roteiro (escrito por Quentin Tarantino)
- Black Reel Awards:
- Melhor elenco (diretora de elenco: Victoria Thomas)
- Melhor ator coadjuvante: Samuel L. Jackson
- Critics Choice Award: Melhor roteiro (escrito por Quentin Tarantino)
- COFCA Award: Melhor ator coadjuvante (Christoph Waltz)
- Globo de Ouro:
- Melhor ator coadjuvante (Christoph Waltz)
- Melhor roteiro (escrito por Quentin Tarantino)
- Hollywood Film Award: Roteirista do ano (Quentin Tarantino)
- Image Award:
- Melhor ator coadjuvante (Samuel L. Jackson)
- Melhor atriz coadjuvante (Kerry Washington)
- NBR Award: Melhor ator coadjuvante (Leonardo DiCaprio)
Oscar:
Como todo roteiro de Tarantino, ele é cheio de diálogos dinâmicos e frases de efeitos inesquecíveis, que antecedem ou sucedem acontecimentos que fazem você pular da cadeira.Lembra-se de falas como essas:
"(Django) Você ouviu muita m*** da boca do sr. Candy, mas ele estava certo em uma coisa: eu sou aquele um em 10 mil."
"(Calvin Candie) - Estou curioso. O que faz de você um expert em mandingo?
(Django) - Eu estou curioso com o que te deixou curioso."
"(Django) Eu gosto do jeito que você morre, rapaz."
"(Django) Este é o meu mundo e no meu mundo você tem que jogar sujo. É isso que estou fazendo. Estou jogando sujo."
"(Calvin Candie) Eu vivi a minha vida inteira cercado por rostos negros. Eu só tenho uma pergunta: Por que eles simplesmente não se levantam e matam os brancos?"
"(Schultz) - Então você gosta e ser caçador de recompensas?
(Django) – Matar brancos e ainda ser pago por isso? Tem como não gostar?"
"(Calvin Candie) - Senhores, vocês tinham a minha curiosidade. Agora, vocês têm minha atenção."
"(Calvin Candie) - Broomhilda é propriedade minha. E posso fazer com o que é meu o que eu quiser."
"(Django) - Então você mata pessoas e ainda recebe uma recompensa por isso?
(Dr. Schultz) - Quanto mais perigosos, maior a recompensa."
Mas o verdadeiro termômetro para os internautas é a quantidade de memes e brincadeiras que foram feitas com o filme - e os bem humorados da web não pouparam divertidas homenagens aos personagens de Django Livre. Veja só alguns deles que rolaram por aí:
E você? Lembra-se de mais algum demonstrativo que mostre por que Django Livre foi um sucesso absoluto? Comente aí embaixo e vamos aumnentar a lista de referências!