Extraordinário (2017)

Título original: Wonder

Países: Estados Unidos, Hong Kong

Duração: 1 h e 53 min

Gêneros: Drama, família

Diretor: Stephen Chbosky

IMDB: http://www.imdb.com/title/tt2543472/


Um filme bastante agradável, assim posso definir “Extraordinário“. Um filme que oferece divertimento e medidas certas de emoção, sem se tornar piegas, ao retirar o foco do menino Auggie, que é realmente o núcleo da narrativa, e passar para dramas pessoais de outros personagens. Isso balanceia as atenções. Achei uma ótima sacada do roteiro. Ademais conta com coadjuvantes de luxo, Julia Roberts e Owen Wilson, e uma história envolvente e empolgante. Abaixo, teço meus comentários sobre ele.

A sinopse, retirada da internet e com adaptações, é a seguinte: “August Pullman, ou simplesmente Auggie, é um garoto que nasceu com uma deformidade facial e teve que passar por 27 cirurgias plásticas ao longo de seus 10 anos para amenizar a sua aparência. Ao longo de sua vida, sua mãe é sua professora, mas seus pais decidem que ele irá frequentar uma escola regular, como qualquer outra criança. No quinto ano, ele precisa se esforçar para conseguir se encaixar em sua nova realidade.”

Digo sempre que filmes que contam com crianças em dificuldades ou em situações de vulnerabilidade são deveras emocionantes e devem contar com um roteiro bem encaixado para não se tornarem apelativos. No filme em tela, há dois motivos para que  isso aconteça. O primeiro, como já comentado rapidamente no primeiro parágrafo, é a presença de vários dramas pessoais que se passam concomitantemente à história de Auggie. Durante o segundo ato, o filme, explicitamente e didaticamente, através da exibição de rótulos para alguns personagens – alguns até secundários -, reserva blocos narrativos contado a história – e os dramas – de cada um deles. Com isso, a atenção é distribuída para vários pontos, que acabam se relacionando com o passar do tempo, pois esses personagens interagem a todo momento, e fazem com que o espectador retire os olhos da história do garoto, que é, inegavelmente, o fio condutor da narrativa. Destaque para a história da irmã de Auggie, Olivia – ou Via -, que sofre os efeitos da solidão, causada, entre outras razões, pela falta de atenção de seus pais, que direcionam todos os seus esforços para o bem-estar do seu irmão mais novo. Isso evidencia a dificuldade de seus pais em lidar com todo o contexto em que estão inseridos. O segundo motivo é a empatia do carismático e pequeno protagonista da história, que, apesar de todos os obstáculos que tem que superar por conta de sua aparência, e sua evidente tristeza por isso, transmite, na medida do possível, uma grande vontade de viver num ambiente sem preconceitos e, sempre que possível, uma certa dose de felicidade. Bons sentimentos o rodeiam, basta haver um ambiente propício para que eles se exteriorizem. Cada pequena conquista é uma alegria e cada derrota é uma desolação, ou seja, cada acontecimento na vida do garoto, que é tão malvisto por sua imagem, proporciona emoções à flor da pele.

A principal temática do filme é certamente o bullying, que é definido pela Wikipedia da seguinte maneira: “um anglicismo utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo ou grupo de indivíduos, causando dor e angústia”. Sem me aprofundar no tema, pois isso é algo para médicos e psicólogos, e me atendo ao caso específico do filme, a criança já tem bastante vergonha do seu rosto, tem um comportamento retraído, e, por conta disso, só sai de casa com um capacete de astronauta. O bullying toma forma quando ele sai de sua zona de conforto e proteção – sua casa e o acolhimento de sua família – e tem que lidar “de cara limpa” com o mundo exterior. Serve para refletirmos sobre os malefícios de tais condutas, que afetam sobremaneira a autoestima das pessoas e, como visto sempre na mídia, podem causar até tragédias maiores. Para potencializar mais ainda coisas, o bullying acontece entre crianças, que, às vezes, por diversos motivos, não conseguem mensurar o potencial destrutivo de seus atos ofensivos. É, sem dúvida, um tema importante que merece muita atenção de todos.

Por fim, o que comentar para fechar uma crítica sobre esse filme? Poderia dizer que é extraordinário, mas ficaria muito óbvio, exagerado e sem graça, então, toco em uma palavra que pode ser considerada como o objetivo do diretor ao produzir a obra: a igualdade. No filme vemos o preconceito por um defeito físico e no mundo real há diversas formas de intolerância: relacionadas a sexo, religião, orientação sexual, cor da pele, etc. Que as pessoas consigam enxergar o interior de seus semelhantes e considerá-los como irmãos, afinal, o mundo já apresenta obstáculos à vontade para serem superados. O respeito com o próximo deveria ser um princípio basilar da educação de todos os seres humanos. Só resta recomendar esse filme excepcional e esperar que todos se emocionem e admirem a força desse pequeno grande homem chamado Auggie.

O trailer, com legendas em português, segue abaixo.

Adriano Zumba


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