English Vinglish (2012)

País: Índia

Duração: 2 h e 14 min

Gêneros: Comédia, drama, família

Diretor: Gauri Shinde

IMDB: www.imdb.com/title/tt2181931/


No filme Hindi Medium, que já foi criticado aqui no blog, percebi que falar inglês na Índia denota prestígio, status ou mesmo uma posição favorável na sociedade. Inclusive há escolas que alfabetizam em inglês, que, provavelmente, são frequentadas por crianças de classes sociais mais abastadas. Como não conheço a realidade do país, estou supondo essas informações pelo que vejo nos filmes, mas parece que é um tema importante, pois há algumas obras produzidas por lá que tratam do assunto.”English Vinglish” é mais uma delas, que, de forma leve,  familiar e bastante cômica, aborda um drama pessoal com ares de marginalização por conta do idioma, que pode ser resumido como a busca de uma mulher pela autoestima perdida.

A sinopse, retirada da internet e com adaptações, é a seguinte: “Shashi é uma mulher que passa por grandes dificuldades na sociedade onde vive, por ser tímida e por não falar inglês. As circunstâncias fazem com que ela afirme sua independência, inscrevendo-se em um curso de inglês e provando ao mundo e a sua família que ela é tão capaz quanto qualquer outra mulher.”

Toda sociedade tem suas nuances, que, inevitavelmente, variam de um país para outro, pelos mais diversos motivos: culturais, religiosos, políticos, legais, costumes, etc. Se formos analisar mais profundamente a pirâmide que compõe as classes sociais de um país qualquer com altas desigualdades sociais, há um ponto que podemos tomar como pacífico: a base da pirâmide, ou seja, os mais pobres, são segregados ou sofrem preconceito por motivos “mais sérios”, como o analfabetismo, a falta de educação, o ambiente violento em que normalmente eles estão inseridos, a cor da pele, entre outros, ao passo que, quanto mais nos aproximamos do topo da pirâmide, ou seja, quando tratamos das pessoas financeiramente mais favorecidas, constata-se que praticamente não há algum tipo de segregação entre seus componentes, mas, quando existe, os motivos responsáveis por isso transitam facilmente na seara das futilidades – nada mais típico do meio em que vivem. É bom informar que a família de Shashi é de classe média. Por não viver na Índia, automaticamente considero os fatos mostrados no filme em tela como insignificantes, mas, como se depreende do exposto nesse parágrafo, são características de cada país. Só nos resta absorvê-las e assistir ao desenrolar da trama, que realmente é muito envolvente, apesar de nos parecer um tanto quanto utópica.

Para o filme não ficar restrito apenas à questão do idioma, o diretor colocou uma pimenta na narrativa, testando a honra da protagonista – um valor importantíssimo no país – com o aparecimento de um pretendente amoroso, já que, em casa, ela sofria discriminação, tanto de seu marido quanto de sua filha. Além disso, há uma mistura de culturas através da interação de personagens dos mais diversos países que torna a história bastante interessante. Nas entrelinhas, nota-se também aquela velha temática em filmes indianos, na qual as mulheres aparecem subjugadas pelos homens. A busca da redenção, aludida na sinopse, caminha no sentido da tentativa de passar por cima dessas amarras sociais às quais as mulheres são submetidas no país. Essa é uma temática quase padrão e aparece nos mais diversos filmes da terra dos elefantes.

Para entender melhor o título, a palavra vinglish é um termo informal utilizado para designar a combinação de um idioma qualquer com o inglês. Quem assiste a filmes indianos ou mesmo conhece a língua hindu, que é predominante no país, nota que há diversas palavras em inglês entranhadas no linguajar das pessoas de lá. Essa “misturada” é um exemplo de vinglish. Posso considerar essa agregação de palavras “estrangeiras” ao idioma local, pelo fato de a Índia ter sido colônia da Inglaterra e também pela importância dada ao aprendizado do inglês, como sinônimo de status. De qualquer forma, é comum que um idioma, pelos mais diversos motivos, seja composto por palavras derivadas de outras línguas.

Ademais, preciso destacar a excelente atuação de Sridevi. O filme realmente ajuda bastante nesse sentido, por colocar todos os holofotes em um só personagem, que, no caso, é a tímida Shashi, interpretada pela referida artista. Assim, a narrativa é bastante dependente da atuação dela. Como foi excepcional, o filme também compartilha do mesmo adjetivo. Para quem não sabe, Sridevi faleceu em fevereiro deste ano (2018), e “English Vinglish” foi um de seus últimos trabalhos. Sua morte prematura foi muito sentida na Índia, já que ela era muito famosa, por ter atuado em mais de 250 filmes, e também bastante querida do grande público e dos colegas de trabalho. Agora, só nos resta desejar que os deuses lhe proporcionem um bom lugar no paraíso e desfrutar do seu trabalho, ao longo de tantos anos de carreira – seu legado cinematográfico.


R.I.P.

Sridevi Boney Kapoor

13/08/1963 – 24/02/2018

O trailer segue abaixo.

Adriano Zumba


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