Infiltrado na Klan (2018)

Título original: BlacKkKlansman

País: Estados Unidos

Duração: 2 h e 15 min

Gêneros: Biografia, comédia, crime, drama

Elenco Principal: John David Washington, Adam Driver, Laura Harrier

Diretor: Spike Lee

IMDB: https://www.imdb.com/title/tt7349662/


Uma obra impactante em todos os seus aspectos e principalmente em suas mensagens. Mesmo utilizando uma história ocorrida no final da década de 70, o filme possui o condão de permitir um paralelo automático com os dias de hoje, principalmente pela sedução disfarçada de democracia no discurso segregacionista de políticos da extrema direita, que estão bastante em evidência atualmente, entretanto Lee tem um alvo certo e determinado: o presidente do seu país, Donald Trump. Os últimos minutos do filme, composto, entre outras cenas, de filmagens reais do atentado de 2017 em Charlottesville (clique aqui para mais detalhes), quando um carro passou por cima de um grupo que protestava contra pessoas que defendiam “o branqueamento” dos Estados Unidos, tiram quaisquer dúvidas sobre o grito que o diretor quer fazer ecoar pelos quatro cantos da Terra através do cinema, se ainda restarem dúvidas após a dramatização dessa história verídica. Definitivamente, é o melhor trabalho de Spike Lee em anos, cuja narrativa se adequa perfeitamente a seu estilo de cinema: desafiador, chocante, reflexivo, etc. Um cinema verdade – ou denúncia – para ninguém botar defeito!

O filme conta a história do policial negro Ron Stallworth, que trabalhou como agente infiltrado na Ku Klux Klan. Por um motivo óbvio – a cor da sua pele -, Ron interagia com os componentes da “seita” pelo telefone, e, quando tinha que encará-los, um policial branco, Flip, ía em seu lugar. Uma investigação ousada, a qual ficou escondida da população por décadas, que ajudou a impedir uma tragédia arquitetada contra jovens negros revolucionários pela KKK.

O roteiro parece surreal – daqueles que só poderiam sair da mente de algum cineasta excêntrico ou maluco -, mas, para a nossa surpresa, trata-se de uma história absolutamente real. Após o próprio Ron escrever o livro “Infiltrado na Klan: Desmascarando o ódio“, e desnudar para o mundo essa história fantástica, Spike Lee abraçou a ideia e nos presenteou com esse filme espetacular. O roteiro segue exatamente o enredo do livro, baseia-se na “mistura” que a própria investigação real proporcionou e segue os passos dos dois destemidos policias, que arriscaram suas vidas por amor a seu povo e ao seu país, por igualdade e respeito – tenho certeza que essas bandeiras de luta são as mesmas do diretor, através de uma rápida análise de sua filmografia política. A tensão é alta em praticamente toda a duração do filme, desde quando Ron se infiltra em uma reunião da comunidade negra, até o desfecho surpreendente. Apesar dos componentes da KKK serem até mansos, porém odiosos, boa parte dessa tensão se deve à Felix, o mais desconfiado deles, e há também boas doses de comédias inseridas meticulosamente nessa “negra” narrativa. Podemos classificar o filme como uma comédia dramática política.

Quem conhece um pouco de história americana, sabe que negros sempre foram considerados seres inferiores, e uma série de insurreições, capitaneadas principalmente por Martin Luther King,  aconteceram pela busca de direitos civis para eles. Para conceder esse viés histórico ao filme, além da história real, Lee, em uma jogada de mestre, buscou referencias no próprio cinema para reforçar a sua narrativa, pois, em uma certa passagem, integrantes da KKK assistem a um dos filmes mais polêmicos da história por seu conteúdo racista: “O nascimento de uma nação” (1915), de D. W. Griffith, que, por sinal, após toda a repercussão gerada pela narrativa, encorajou radicais da época a fundar à segunda geração da KKK nos Estados Unidos. Uma escolha perfeita para a intenção proposta pelo cineasta.

Infiltrado na Klan” é uma produção na qual tudo se encaixa, ou melhor, a técnica se encaixa ao roteiro e o complementa ou o potencializa.  Não há palavras para descrever a trilha sonora. As músicas, principalmente a que é tocada no final, exalam liberdade. É incrível como a melodia carrega consigo essa referência. A fotografia e o estilo de filmagem, com closes e planos longos, também se encaixam perfeitamente num conjunto harmônico de aspectos que concedem excelência à obra. Era justamente essa excelência que faltava a Lee. Pelo visto, não falta mais! Corajosamente, coloco “Infiltrado na Klan” no rol de seus melhores filmes – talvez até sua obra-prima (os fãs de “Faça a coisa certa” e “Malcoln X” que me perdoem, mas ainda estou sob efeito da exibição). É um sopro de coragem na cara do preconceito. Uma mensagem de humanidade travestida de alerta vinda do velho Spike.

O trailer com legendas em português segue abaixo.

Adriano Zumba


 

2 comentários Adicione o seu

  1. Alondra Silva disse:

    É um filme bom e muito interessante, sinto que história é boa, mas o que realmente faz a diferença é a participação de Adam Driver neste filme. O elenco deste filme é ótimo, eu amo tudo onde Adam Driver aparece, o ultimo que eu vi foi em um filme bom de comedia chamado Lucky Logan Roubo em Família, adorei esse filme! De todos os filmes que estrearam, este foi o meu preferido, eu recomendo, é uma historia boa que nos mantêm presos no sofá. É espetacular. Pessoalmente eu acho que é um filme que nos prende, tenho certeza que vai gostar, é uma boa história. Definitivamente recomendado.

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