Se você reconhece essas garotas você foi uma criança cyberpunk

actf_gft_02

Alana: a garota do futuro – seriado infanto-juvenil girl power de ficção cientifica

Se você foi uma criança ou pré-adolescente comum nos anos noventa talvez lembre dos Bananas de Pijamas, TV Colosso, Xuxa Park ou mesmo Taz – O Demônio da Tazmania. Mas apenas se você foi um guri com um pezinho no cyberpunk vai lembrar dessa.

Alana: a garota do fututo (The Girl From Tomorrow, 1990) foi uma série transmitida pela TV Cultura por volta de 1995, tendo apenas uma recepção morna por parte do publico brasileiro. Mas não pra você, claro, que foi uma criança esquisitona e sabe do que estou falando.

maxresdefault

Trata-se de uma série de drama e ficção cientifica produzida pela Nine Network e The Australian Film e mesmo para os padrões de hoje, o programa ainda conserva algum diferencial. Basta refletir por um momento sobre quantas séries infantis de ficção cientifica ou aventura você conhece composta majoritariamente por personagens femininos deixando de lado produções como as da Disney ou qualquer outro lugar comum sobre popularidade, consumo, princesas, dramas escolares e amorosos?

girl_from_tomorrow_silverthorn_with_alana_captive-e1558917262811.jpg

O enredo de Alana: a garota do futuro gira em torno da personagem homônima que foi raptada no ano 3000 por um bandido de 2500 e trazida para 1990 na fuga. Aqui, em nossa era primitiva, ela tem que se adaptar ao low-fi e encontrar o caminho de volta para casa: uma capsula de viagem no tempo. E Alana não conta com um par romântico para cumprir essa tarefa e sim sua nova amiga Jenny.

Por trás da diversidade de personagens femininos fortes e encabeçando o projeto está outra mulher, Kathy Mueller, que não por acaso assina a direção da série.

Com roteiro simples, sem grandes reviravoltas, e uma produção de baixo orçamento, o programa era recheada de chroma key e efeitos digitais toscos, ao melhor estilo vaporwave, que seriam objeto de culto caso fosse reexibida hoje. Infelizmente, por sua passagem discreta no Brasil, encontra-se esquecida.

Alguns irão lembrar de Alana como uma garota com uma tiara que lhe ajudava a manifestar seus poderes telecinéticos. O acessório – usado na testa – era um instrumento trazido em sua viagem no tempo que canalizava seu poder extrassensorial e rendia os melhores momentos de piração vapor lisérgica noventista.

girl-from-tomorrow

Mas eu particularmente não lembro da série mais por sua protagonista que por sua parceira Jenny. Eu era completamente apaixonado pela personagem, uma dream girl da minha infância, com seu cabelo lilás e visual punk.

Jenny não é uma patricinha popular do colégio, tão pouco a nerd padrão de roteiros com lições moralistas sobre a artificialidade das outras pessoas. Nada disso, Jenny é uma adolescente punk que toca bateria em seu quarto. Seu irmão mais novo, louco por ficção cientifica, e sua mãe completam o time com um perfeito ar de sessão da tarde oitentista que não faria feio se posto ao lado de séries revival como Stranger Things.

Não tem como ter tido uma infância mais cyberpunk.

Este slideshow necessita de JavaScript.

Publicado por desorel

Membro do grupo de quadrinistas Aicopop, membro da banda Lex Complex, escritor.

Deixe um comentário