Crítica: O Challenger (2013)

Os sete tripulantes da Challenger em 1986.

Os sete tripulantes da Challenger em 1986.

Eu tinha seis anos quando o ônibus espacial Challenger explodiu 73 segundos após seu lançamento naquela manhã de 28 de janeiro de 1986. Não sei ao certo se assisti ao vivo o fato ou por algum telejornal mais tarde. O que sei é que aquelas imagens que correram o mundo jamais sumiram da minha cabeça e com certeza, permanecem na memória de milhões de pessoas que também estavam diante da televisão assistindo ao fatídico momento em que os sete tripulantes, incluindo a professora Christa McAuliffe.

Era a décima missão da Challenger, que teve seu primeiro lançamento em 04 de abril de 1983, e foi a terceira nave dessa categoria a ser construída, após a Enterprise e o Columbia. Com a tragédia, todo o programa espacial norte-americano foi suspenso durante meses, até que as investigações fossem concluídas e uma resposta fosse dada a todos.

Richard Feynman (William Hurt).

Richard Feynman (William Hurt).

A NASA selecionou um grupo de cientistas e especialistas de diferentes áreas para uma comissão especial investigativa, entre eles, o físico Richard Feynman, um dos primeiros na pesquisa de eletrodinâmica quântica (participou do Projeto Manhattan, que desenvolveu a bomba atômica) e vencedor do Prêmio Nobel em 1965. Buscando respostas em diversos segmentos da agência espacial e do próprio governo dos Estados Unidos, Feynman chegou à conclusão de que os motores do ônibus espacial apresentaram uma falha nos anéis de borracha que serviam de vedações. Quando alcançavam 0º esses anéis apresentaram anomalias que causaram o acidente fatal. O físico chegou a fazer uma demonstração na televisão apresentando seus argumentos, que foram inseridos no relatório final da NASA.

Quase trinta anos após a explosão da Challenger, a rede inglesa BBC lançou um telefilme baseado em toda essa história, com a participação de atores conhecidos como Bruce Greenwood (Star Trek), no papel do General Kutyna, um dos principais responsáveis pelo desenvolvimento das investigações, o veterano Brian Dennehy (Cocoon) como o presidente da Comissão da NASA, Rogers e William Hurt (O incrível Hulk), que estrela a produção no papel de Feynman.

Presidente Rogers (Brian Dennehy).

Presidente Rogers (Brian Dennehy).

O protagonista se mostra como um homem voltado à família e ao ofício de ensinar a ciência a seus alunos, não estando disposto num primeiro momento a ajudar nas investigações. Mas à medida que vai se embrenhando no trabalho, percebe que os altos burocratas do governo e da NASA se mostram relutantes em informar certos dados importantes. Isso só o motiva a perseguir mais e mais a resposta.

O dinamismo e a crença na ciência, ferramentas que fizeram com que ele continuasse na investigação e chegasse à resposta, era sua maior motivação para viver naquele momento, já que estava acometido de um linfoma, que viria a vitimá-lo dois anos mais tarde. Hurt se mostra como um homem fragilizado pela doença, mas que cria uma força maior quando encara seus relutantes adversários, justamente, os próprios envolvidos no projeto espacial.

General Kutyna (Bruce Greenwood).

General Kutyna (Bruce Greenwood).

Apesar de ser uma produção simples, até mesmo para os padrões ingleses, o filme conta com muitas imagens reais da época, a fim de dar ao espectador uma sensação de realidade maior, levando-o ao tempo em que ocorreu a explosão da Challenger.

Como registro de um dos fatos mais tristes e catastróficos da história humana e da ciência moderna, o filme é uma interessante experiência para que novas gerações tenham mais acesso ao que de fato aconteceu, evidentemente por meio de uma versão romantizada dos fatos.

Nota: 3 de 5.

Um comentário sobre “Crítica: O Challenger (2013)

  1. Meu caro gostei de sua critica.
    Gravei o documentário e ele fala muito bem da história do que ocorreu nessa época em que eu também tinha seis anos de idade.
    Senti falta de detalhes mais técnicos e de ter tantos intervalos! Faltou uma opção de poder ter a versão em original e só colocar legendas.

    []s
    CESÃO

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