Joe
Joe (Nicolas Cage) tem como profissão cortar árvores, mas não árvores normais. Ele participa de um esquema ilegal no qual envenena as árvores que já estão velhas para depois poder cortá-las. Ex-presidiário, alcoólatra, recluso, fumante obsessivo e de comportamento instável, Joe é respeitado em sua cidade e é bom com seus companheiros de trabalho e todos aqueles a quem tem ao seu redor.
Em um dia de trabalho Joe conhece Gary (Tye Sheridan), um garoto de apenas quinze anos à procura de um emprego, que sofre os abusos do pai alcoólatra e luta para sustentar sua família. Se Tye Sheridan já fez um ótimo papel em A Árvore da Vida (Terrence Malick) e em Amor Bandido (Jeff Nichols), ao lado de Matthew McCounaghey, ele consegue repetir o feito, mas dessa vez ao lado de Nicolas Cage. Um garoto de personalidade forte e preocupado com seu futuro e o de sua família, Gary enfrenta as situações mais adversas e não permite que nada o desvie de seus objetivos. E é em Joe onde ele encontra aquilo que procura em seu pai: um guia.
Atormentado pelo seu passado e por seus vícios, Joe batalha diariamente para se manter são e calmo, mas quando Willie (Ronnie Gene Blevins) sai da cadeia e volta para acertar alguns problemas pendentes com Joe, a cada encontro entre os dois a situação vai saindo de controle e se tornando mais violenta. Manter o controle novamente, inclusive com a polícia, volta a ser um problema para Joe. Além disso, temos Wade (Gary Poulter), pai de Gary, um alcoólatra que bate no próprio filho e rouba todo o dinheiro que recebe de seu trabalho. Mesmo com a oferta de emprego oferecida por Joe, ele não consegue manter o trabalho por mais de um dia. Um fato curioso sobre Gary Poulter é que, além de não ser um ator profissional, ele era um mendigo e morreu no Texas pouco depois das filmagens terem terminado.
A relação entre Joe e Gary começa a ser construída quando Joe vê a situação na qual Gary vive em sua casa totalmente abandonada, suja e sem receber qualquer tipo de cuidado dos pais. A partir daí Joe coloca o garoto “debaixo de suas asas” e passa cuidar dele. Aos poucos, uma relação de pai e filho vai sendo desenvolvida entre eles, seja nos conselhos que Joe passa ao garoto ou o presenteando com sua velha caminhonete de trabalho. Contudo, não temos uma relação perfeita onde os problemas somem milagrosamente. Joe continua lutando contra seus vícios, sua falta de controle e ainda lida o pai de Gary que rouba a caminhonete do filho e o espanca diversas vezes por causa de dinheiro.
Adaptado por Gary Hawkins e dirigido por David Gordon Green, em um cenário cheio de bêbados, prostitutas e pobreza, Nicolas Cage, muitas vezes criticado por diversos filmes terríveis que fez ao longo de sua carreira, mostra novamente o talento que possui e dá vida a um personagem intenso, amargo e sofrido. Diferente do que estamos acostumados, aqui não vemos o Nicolas Cage atuando com seus trejeitos e caretas, vemos apenas Joe.
