quinta-feira, 8 de setembro de 2016

O Roubo da Taça | CRÍTICA


O Roubo da Taça chega ao circuito nacional logo após receber 4 prêmios no Festival de Gramado, dentre eles, Fotografia, Direção de Arte, Ator e Roteiro. Sendo um dos principais destaques do festival e inspirado no caso real, o longa roteirizado e dirigido por Caito Ortiz começa mostrando Peralta (Paulo Tiefenthaler) e Borracha (Danilo Grancheia) roubando a Taça Jules Rimet da sede da CBF, mérito da seleção brasileira depois de vencer três copas do mundo, mantendo o prêmio em casa, assim sendo. A fim de vender a taça, acreditando que tinha roubado uma falsa pela informação que recebeu, Peralta tenta pagar suas dívidas de jogo ao Bispo (Hamilton Vaz Pereira), que ameaça a ele e sua esposa, Dolores (Taís Araújo). O caso acaba se tornando de extrema importância na mídia pelo fato da taça roubada ser a real, e não a réplica, o que leva Peralta tomar a única medida encontrada para se livrar do valioso item, e ao mesmo tempo, conseguir o dinheiro para pagar sua dívida no melhor jeitinho brasileiro.

Dos cenários até os figurinos, a arte do filme realmente merece um destaque, o prêmio recebido nessa categoria que mais se destaca entre os quatro, conseguindo te transportar para o Brasil dos anos 80, representando bem o período da ditadura vivida na época. O ritmo do filme é criado aos poucos e devagar, o que desagrada no inicio, mas melhora em seu segundo ato, conseguindo ser uma comédia que foge e outros filmes nacionais de mesmo gênero, como Muita Calma Nessa Hora. Para os leigos em futebol (assim como eu), o filme faz um breve resumo de um minuto, mostrando rapidamente a história da taça, das copas, o contexto histórico brasileiro e como uma das personagens entra na trama, na forma de narração de Taís Araújo.


Mesmo sendo vencedor de prêmios do maior festival de cinema nacional, o filme falha com piadas chulas, planos sexualizando mulheres e seu final, que poderia ter acabado em uma cena onde você entendia a ideia que o diretor queria passar, mas acaba passando uma cena que deixa tudo explicadinho do que você já tinha entendido, sendo desnecessária. A comédia é outro ponto que acaba sendo fraco em alguns momentos, principalmente envolvendo Peralta, que acaba tendo um número maior de cenas cômicas devido ao seu protagonismo; porém, as cenas de Dolores e do argentino acabam funcionado bem e salvam o filme, pois aparecem em momentos certos deixando-o mais engraçado.


Paulo Tiefenthaler (Dupla Identidade) faz jus ao prêmio que ganhou, tornando Peralta em um personagem extremamente chato. Precisamos separar o ator do personagem, pois Paulo faz com que Peralta  consiga encher o saco do inicio do filme até o seu final, mostrando ser um tanto quanto escroto ao final, conseguindo ter uma evolução, mesmo sendo negativa para a personagem. Taís Araújo (novela Cheias de Charme) está ótima no seu papel também, conseguindo passar uma imagem de mulher mais forte do que outras protagonistas brasileiras (mesmo que, infelizmente, tenham planos que sexualizem ela), e fica responsável por levar o filme em alguns momentos, principalmente em piadas. Danilo Grangheia, Milhem Cortaz e Stepan Nercessian (Um Suburbano Sortudo) fecham o elenco de apoio, que agrada ao decorrer do filme, contando com uma participação especial um tanto inesperada de Mr. Catra.


Entre erros e acertos, O Roubo da Taça é uma comédia nacional que fica acima da média em qualidades técnicas e em momentos cômicos, mas que, assim como o 7 a 1, infelizmente acaba tendo seu potencial perdido, principalmente em momentos iniciais e finais, que ficam fracos e repletos de piadas fracas e genéricas.



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