Crítica – Todo o Dinheiro do Mundo (2017)


Tudo tem seu preço. A grande dificuldade da vida é aceitar esse preço!


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Baseado em acontecimentos reais, Todo o Dinheiro do Mundo conta a história por trás do sequestro de John Paul Getty III, vivido por Charlie Plummer (Lean on Pete, O Jantar). O longa se passa nos anos 70, quando o rapaz tinha 16 anos e morava na Itália com sua mãe, Gail Harris, interpretada por Michelle Williams (Manchester à Beira-Mar, Ilha do Medo). Os sequestradores pediam uma quantia de 17 milhões de dólares para o resgate, mas o avô do garoto, o bilionário Jean Paul Getty, numa versão de Christopher Plummer (Uma Mente Brilhante, Toda Forma de Amor), se recusou a pagar, expondo assim sua forma de pensar sobre a vida.

O diretor Ridley Scott (Alien – O Oitavo Passageiro, Gladiador) assumiu o projeto, mas parece ter perdido seu talento como contador de histórias. Para explicar as motivações por trás do bilionário, Scott decide usar incontáveis e cansativos flashbacks, sempre localizando o espectador temporal e geograficamente através de textos na tela. Não há fluidez ou lógica na falta de linearidade tornando o início do filme truncado e desinteressante. Ele também opta por fazer com que a peça chave do longa, e, de longe, a pessoa mais interessante por sua excentricidade, seja um mero coadjuvante. Não por falta de tempo em tela, mas pelo fato de não se aprofundar nas questões de Jean Getty, deixando as explicações para o final. Em contraponto, Gail Harris e o especialista em segurança do ricaço Fletcher Chase, interpretado aqui por Mark Wahlberg (Boogie Nights – Prazer Sem Limites, O Vencedor) ganham destaque e fecham o trio estabelecendo relações óbvias e previsíveis tirando o peso da história.

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O roteiro se perde, assim, ao querer mostrar todos os pontos de vista. Desde o dos sequestradores até o da rica e disfuncional família. Cabe ao garoto a posição de coadjuvante de sua própria história. Esse fato aliado a atuações frias geram uma falta de empatia por parte do público. É como se assistíssemos a seres estranhos, impossíveis de se relacionar. Bem como é dito no filme, essa família parece ser formada por seres humanos como nós, mas só na aparência.

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Os personagens, com exceção do sequestrador conhecido como Cinquanta, interpretado por Romain Duris (Arsène Lupin – O Ladrão Mais Charmoso do Mundo, Albergue Espanhol), parecem entorpecidos. Mesmo quando são compelidos a agir, permanecem imóveis e isso arrasta o ritmo do filme pontuado por diálogos repetitivos. Com 2h12min de duração, o longa podia cortar gorduras e se tornar mais ágil. É muito cansativo e a história não se desenvolve bem. E essa falta de elementos narrativos que levem a ação adiante faz com que a passagem de tempo também seja confusa.

Tecnicamente, o filme entrega um produto competente, mas que atua numa zona de conforto. Silencioso, o trabalho de som é irregular com intervenções musicais esparsas o que o diferencia da maioria dos filmes atuais. Também irregular é a fotografia que opta por tons escuros e cores opacas para mostrar esse mundo no qual as emoções não existem, ou existem em menor escala. O longa começa no preto-e-branco e passa por diversos graus de saturação.

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Em uma época turbulenta em Hollywood por causa dos casos de assédio sexual, Todo o Dinheiro do Mundo não saiu ileso. Originalmente, Kevin Spacey (Beleza Americana, House of Cards) seria o intérprete do bilionário quando, já perto do lançamento do filme, surgiram as denúncias contra ele. Em uma jogada financeiramente arriscada, mas que deu visibilidade ao longa e conferiu a ele um status de politicamente correto, Ridley Scott decidiu refilmar e substituir todas as cenas de Spacey por Christopher Plummer comprometendo o processo de assimilação com o personagem e de maquiagem, mas rendendo nomeações ao Globo de Ouro e ao Oscar.

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Todo o Dinheiro do Mundo é um filme esquecível, sem identidade. Um thriller lento no qual os personagens, apáticos, esperam a ação acontecer e serem levados por ela. Uma pena, pois teria sido uma ótima oportunidade de fazer um estudo de personagem com um dos homens mais ricos da História.

Nota:

Nota 2.0 (Muito Ruim)

Muito ruim


Título Original: All the Money in the World
Data de Lançamento: 25 de dezembro de 2017
Estreia no Brasil: 1 de fevereiro de 2018
Direção: Ridley Scott
Duração: 132 minutos
Elenco: Christopher Plummer, Michelle Williams, Charlie Plummer, Mark Wahlberg
Gêneros: Thriller, Drama
País: EUA, Reino Unido


 

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