Alias Grace
Elenco: Sarah Gadon, Edward Holcroft, Rebecca Liddiard, Zachary Levi, Anna Paquin
Ano: 2017 / Episódios: 06
País: EUA
Emissora: Netflix

Sinopse: Grace Marks (Sarah Gadon) é uma jovem irlandesa de classe média baixa, que decide tentar a vida no Canadá. Contratada para trabalhar como empregada doméstica na casa de Thomas Kinnear (Paul Gross), ela é condenada à prisão perpétua pelo assasinato brutal do seu patrão e da governanta da casa, Nancy Montgomery (Anna Paquin). Passados 16 anos desde o encarceramento da imigrante, o Dr. Simon Jordan (Edward Holcroft) se apaixona por Grace e fará de tudo para descobrir a verdade sobre o caso.

Resenha: Alias Grace é uma união de mulheres brilhantes da literatura e do cinema.

Baseada em livro homônimo da Margaret Atwood, autora também de Handmaid’s Tale, foi roteirizada para a TV pela Sarah Pooley, indicada a Oscar de Melhor Roteiro Adaptado por Away From Her (2006) e está também trabalhando na adaptação do livro Quem É Você Alasca, do John Green, para o cinema. Enquanto na direção, Mary Harron, roteirista do filme clássico Psicopata Americano, estrelado pelo Christian Bale, dá ao filme um ritmo cheio de suspense e uma narrativa dinâmica.

A série fala sobre uma mulher que foi presa por um assassinato, porém ela não faz ideia do que aconteceu naquele dia. Ela já passou por um manicômio e está cumprindo sua pena em uma prisão quando um psiquiatra é convocado para avaliá-la e descobrir se ela é realmente “louca” ou se está mentindo que não consegue lembrar do dia.

Harron evidentemente tem fascínio por transtornos mentais e entende a jornada pela qual deve guiar a personagem, guiando o expectador pelos altos e baixos pela história de Grace, mantendo o suspense até o último episódio.

Brilhante mesmo são os diálogos refletindo a respeito do papel da mulher que trabalha em casa de família, como criada. Todas as expectativas de quais seriam suas funções dentro da casa, especialmente no que diz respeito a relação delas com seus patrões. Em momentos, a protagonista parece se resignar a essa sociedade, que culpabiliza e julga a mulher, enquanto os homens são livres e seus comportamentos não tem grandes consequências.

A série de 06 episódios fala sobre o sofrimento da mulher, como as coisas eram para elas naquela época, ao mesmo tempo que as situações ainda se aplicam aos tempos atuais. Com um grande foco na crítica social, evidencia a diferença no tratamento da sociedade perante comportamentos de homens e mulheres, mas também tem um ponto de vista interessante sobre a própria visão dos homens com relação às mulheres.

Em diversos momentos do diálogo, a série aborta sobre como os homens realmente pensam que as mulheres podem fazer coisas apenas para atingi-los, de alguma forma; para brincar com seus sentimentos ou desejos, é brilhante como é tão levemente demonstrado o quanto eles estão errados. A maioria das coisas que a Grace faz ou diz não é para atingi-los, controlá-los ou o que quer que seja, mas essa era a visão que a sociedade tinha de uma mulher doente mental.

A pessoa com transtorno mental está em sofrimento, não está tentando manipular as pessoas, iludi-las ou brincar com elas (a menos que seja um psicopata). Ela apenas não consegue evitar se comportar de uma dada maneira e isso inteiramente não é sua escolha.

Enfim, uma série excelente com ótimos pontos e questionamentos. Dirigido, escrito e roteirizado por mulheres muito competentes na literatura e no cinema. Que venham cada vez mais filmes e séries com mulheres tão maravilhosas quanto essas ❤ ❤

Recomendo para quem gostou de Minha Irmã Rosa (Justine Larbalestier), Psicopata Americano (filme) e The Handmaid’s Tale (série).

2 comentários em “Alias Grace (2017)

Deixe um comentário