John Green e Nat Wolff ressaltam a amizade no lançamento de Cidades de Papel no RJ

Conhecido pelo fenômeno editorial e cinematográfico A Culpa é das Estrelas, o autor John Green recebeu a imprensa nesta quarta-feira, dia 1º, para divulgar o lançamento do filme Cidades de Papel (Paper Towns), no Hotel Copacabana Palace. Junto com o escritor estava o jovem ator Nat Wolff, protagonista desta segunda adaptação de Green para o cinema, com estreia marcada para 9 de julho de 2015.

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Apesar da diferença de idade, 17 anos, ambos parecem amigos de longa data por conta do clima de descontração e olhares cúmplices durante a entrevista. Nat e John trabalharam juntos em A Culpa é das Estrelas (2014) e já chegaram a dividir um apartamento em Nova York. O clima serviu como ponto chave para a história do filme, que fala exatamente sobre amizade e amadurecimento.

A adaptação do livro para o cinema

Como na primeira produção, o autor acompanhou as filmagens de perto e garantiu que tudo ficou exatamente como na história original. “O principal do livro foi preservado, que é sobre o quanto é difícil conhecer as outras pessoas, mas a gente encontra uma maneira de compor o outro por nossa própria conta e constrói um ser imaginário. (…) O importante é mostrar que Margo [Cara Delevingne] não é um milagre, Margo não é algo precioso, Margo é apenas um garota. É admirável quando Quentin a percebe apenas como um ser humano e para de idealizá-la”, conta Green.

Além dessa mensagem, o escritor e o protagonista ressaltaram que a história não é um romance, mas uma jornada sobre autoconhecimento e amizade. “O filme foi como uma máquina do tempo. Eu também tinha dois amigos inseparáveis e uma paixão platônica. Foi como se eu voltasse no tempo. Eu também acredito que a amizade é algo muito importante na minha vida”, declarou Nat e emendou “assim como o meu melhor camarada John Green”, disse o ator segurando a mão do escritor ao seu lado. John, então, completou: “É aquele tipo de amizade de ligações às quatro horas da manhã…”.

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Para Nat Wolff, o papel principal, após a pequena aparição do filme anterior, foi como “ganhar na loteria”. Sua confirmação já estava acertada antes mesmo do roteiro ficar pronto. Os dois não mediram elogios um ao outro, no entanto, o rapaz não deixou de alfinetar a presença de Green no set: “Ele ficava em cima de mim e dizia: você não falou como no script, ou, então, dizia: beije Cara [Delevingne] desse jeito…”. Claro, John negou veemente.

Curiosidade sobre as cidades de papel

Além de servir como metáfora na história, a “descoberta” de John Green sobre as cidades de papel se tornou um fenômeno no estado de Nova York. “Por causa do livro, muitas, muitas, muitas pessoas passaram a ir à cidade de Agloe. O governo, acredito eu, até colocou uma placa para apontar o local. É incrível como um lugar imaginário se tornou real. Isso é muito louco para mim”, comentou o escritor.

No final do próprio livro, Green já explicara sobre a sua descoberta. A ideia das cidades de papel surgiu a partir de uma viagem pela Dakota do Sul, na qual ele “encontrou” pela primeira vez uma cidade inexistente. Depois, o escritor soube que isso era apenas uma forma dos cartógrafos preservarem os seus direitos autorais. Por meio de marcações originais e fantasmas nos mapas, eles saberiam se houve uma cópia indevida.

Amizade e amor

De acordo com Green é difícil encontrar amizades e relacionamentos verdadeiros porque nós não enxergamos realmente quem é a pessoa com a qual lidamos. “Não era possível a amizade de Margo e Quentin no início, porque ele apenas fantasiava sobre ela. Ela tentava dizer para ele: isso não é sobre o que vamos nós tornar ou sobre sermos amigos, mas é sobre mim. Ele, entretanto, não escutava, porque ainda a estava projetando sobre as suas próprias expectativas”, analisa Green.

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Os questionamentos do escritor são críticos e filosóficos, além de apresentar muito de suas crenças. “Nós estamos acostumados a falar de amor de uma forma romântica, que sempre acaba em casamento. É raro falar desse sentimento em relação à amizade e é disso que o filme trata. (…) As pessoas estão sempre à procura de alguém, mas elas já têm, existem os seus amigos e eles são valiosíssimos”, conclui John.

Bastidores

Se o autor desejava pregar uma lição, ele conseguiu. Em vários momentos, ele destacou com precisão as ideias de não se criar expectativas sobre os outros, ou melhor, imagens projetadas ou sobre tentar se colocar no lugar das pessoas. A relação dele com Nat pareceu até uma palinha do longa, pois ambos estavam em sintonia em cada resposta e piada.

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“O clima do elenco era como uma família. A gente ficou muito próximo, pois cada um dos rapazes tinha um apartamento, mas escolhemos ficar todos em um só. No dia a dia, a gente já se chamava pelos nomes dos personagens”, conta Nat sobre o relacionamento da equipe.

Piadas e agradecimentos

A ausência de Cara Delevingne também se transformou em piada no bate-papo entre John e Nat. Sobretudo, o ator estava ávido para mostrar o seu conhecimento de português e pronunciou várias vezes “obrigado”. Além do agradecimento, ele conseguiu proferir um “tudo bom”. Já John fez questão de agradecer pelo espantoso sucesso de seus livros no Brasil.

Para uma ocasião tão bem-humorada, o John Green encerrou com a sua metáfora entre as cidades de papel e as pessoas. “Tudo é falso para elas [as pessoas de papel], porque elas vivem em um simulacro”, contudo, a sua ressalva principal foi: “É importante perceber que os amigos também se amam”.

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