Hellraiser

Depois de anos de continuações ruins, a franquia Hellraiser volta do zero numa reimaginação, inclusive produzida pelo mesmo mestre do terror Clive Barker e agora dirigida por David Bruckner, já experiente em terror, do mediano “A Casa Sombria”.

O resultado é fraco, sério, e os motivos nem passam pela história ter substituído Pinhead e seus cenobitas, por uma liga feminina de demônios.

A própria lógica da Caixa de Pandora mudou, agora com um quebra cabeça em 7 partes onde cada vez que alguém conclui uma parte, uma lâmina tira o sangue da vítima e a marca para que a nova Pinhead – aqui corretamente chamada de Juiz do Inferno – apareça junto com suas asseclas e dê um fim doloroso para o personagem.

É assim que Riley (a desconhecida Odessa A’zion) e seus amigos descobrem a caixa e tentam resolver o enigma enquanto ela, a caixa, vai matando de um a um.

Com o filme sendo uma produção do Canal Hulu, da Disney, acabaram disneyficando o terror. Por isso entende-se que higienizaram a produção.

Primeiro que as mortes, quase todas, são frias, com pouquíssimo sangue ou sangue digital, que claramente muda a percepção do espectador. Metade das mortes nem aparece e só é sugerida. Só isso já tira metade do prazer de ver o filme. Vale lembrar que o clássico “Hellraiser” de 1987 era um banho de sangue e, como ainda não havia CGI, as maquiagens pareciam ainda mais reais.

Esse, inclusive, é outro problema quando olhamos para o Juiz e seus cenobitas: a combinação de maquiagem e efeitos digitais não dá um aspecto sangrento a esses personagens, por mais criatividade que haja no seu desenho, com pouquíssimas exceções. As peculiaridades de cada cenobita são pouco exploradas, tal qual são as mortes.

E aparentemente até esse grupo de vilões são mais parcimoniosos do que os originais, respeitando regras e deixando potenciais vítimas saírem impunes. Até a cena final que deveria ser a mais chocante, fica carregada de CGI e perde muito do seu impacto.

Hellraiser” não consegue ser quase nada daquilo que foi o original da década de 80 e agora apenas se parece com mais um dos inúmeros filmes de terror teen slasher limpinhos para poderem serem vistos por todos os públicos. Amoleceram.

Curiosidades:

  • Reparem que em momento algum no texto, uso a palavra juíza, mesmo que Pinhead seja interpretada por uma artista feminina. É que originalmente nos livros de Clive Barker, é dito que Pinhead foi tão modificado que ele não tinha mais sexo. Então aqui juiz é uma palavra genérica para qualquer sexo (porque no latim, o masculino e o genérico se confundem).
  • Doug Bradley, o ator que interpretou o PInhead original em 1987 foi convidado para uma participação, mas declinou devido, na época, à pandemia de COVID e ao fato de que ele gostaria de deixar seu legado no personagem intocável. Mas ele encheu de elogios “a nova Pinhead” via redes sociais.
  • Quando o irmão de Riley entra num banheiro público, na parede é possível ver um autógrafo de Tony Todd que interpretou “Candyman” e também o desenho do símbolo do filme “A Bruxa de Blair”.
  • No livro em que Riley acha os estudos dos cenobitas foram usados os desenhos de produção reais na hora de cria-los.
  • As 6 configurações da caixa que representam os 6 dons: Lament (“vida”), Lore (“conhecimento”), Lauderant (“amor”), Liminal (“sensação”), Lazarus (“ressurreição”) and Leviathan (“poder”).
  • Demorava 4 horas para aplicar a maquiagem em todos os cenobitas e pouco menos de 2 horas para tirar tudo.

Ficha Técnica:

Elenco:
Odessa A’zion
Jamie Clayton
Goran Visnjic
Adam Faison
Drew Starkey
Brandon Flynn
Aoife Hinds
Jason Liles
Yinka Olorunnife
Selina Lo
Zachary Hing
Kit Clarke
Hiam Abbass

Direção:
David Bruckner

Roteiro:
David S. Goyer
Ben Collins
Luke Piotrowski
Clive Barker

Produção:
Clive Barker
David S. Goyer
Keith Levine
Marc Toberoff

Fotografia:
Eli Born

Trilha Sonora:
Ben Lovett

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