Ascensor para o cadafalso (1958)

Título original: Ascenseur pour l’échafaud 

Título em inglês: Elevator to the gallows

País: França

Duração: 1 h e 31 min

Gêneros: Crime, drama, thriller

Diretor: Louis Malle

IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0051378/


Ascensor, aparelho que serve para elevar ou descer as pessoas e os objetos, ou seja, um elevador. Cadafalso, estrutura usada para uma execução por enforcamento que, normalmente, é construída em um palanque. Um elevador que leva à forca em praça pública carrega uma tonelada de peso semântico o qual não se aplica ao filme mas, diga-se de passagem, a interpretação do título deve ser feita quase que literalmente. Um filme investigativo que conta com a imprevisibilidade da vida para alinhavar a sua trama e prender a atenção do espectador.

Sem apostar em nenhum tipo de mistério e revelando paulatinamente a trama a cada cena, o filme conta a história criminosa de um casal de amantes, Florence e Julien, interpretados respectivamente por Jeanne Moreau, a mesma atriz que ficou mundialmente famosa por interpretar Catherine em “Jules e Jim – Uma mulher para dois” e o competente Maurice Ronet. Apaixonados, eles planejam assassinar o marido de Florence, o rico empresário Simon, tentando simular um suicídio. A principio, até que o plano foi bem-sucedido, mas, eles não contavam com um pequeno imprevisto: Julien ficou preso no elevador ao voltar para buscar um artefato usado no crime e esquecido no prédio. Além disso, para complicar mais ainda a situação, dois jovens roubam o carro de Julien, começam a usar seu sobrenome, Tavernier, e cometem tanto pequenos delitos quanto um crime bárbaro.

Indubitavelmente, “Ascensor para o cadafalso” é um filme bastante estiloso e já ensaiava as características da Nouvelle Vague francesa, um movimento cinematográfico que concedeu toda liberdade estilística e lingüística para que os cineastas da época soltassem a criatividade. Logo na primeira cena, abusando de closes, o grande diretor, Louis Malle, já mostrava diferenciais em relação ao convencional. Era o presságio para um excelente filme!

Enquanto o primeiro e terceiro atos focam principalmente no casal protagonista, o segundo e mais longo ato volta as atenções para o casal de jovens Louis e Veronique, dois jovens irreverentes que respiram liberdade, ousadia e irresponsabilidade. Neste momento, seus comportamentos confundem-se com as características da Nouvelle Vague, aludida no parágrafo anterior. Concomitante à efêmera felicidade da dupla e suas imaturas realizações, uma investigação policial monta um complexo quebra-cabeças que poderia resultar na pena capital do país à época, o cadafalso.

Jeanne Moreau, na pele de uma misteriosa”femme fatale“, transfere à sua personagem um caráter obsessivo que beira a insanidade e uma melancolia pungente, frutos da inesperada arte de viver. Além da presença desta peculiar personagem, o clima sombrio e a tensão embutida em cada cena concedem ao filme ares de “noir“, um gênero cinematográfico bastante difundido, principalmente na década de 50, que criou um estilo próprio e presenteou o mundo com muitas excelentes produções como “O falcão maltês“, “O terceiro homem“, “Pacto de sangue“, “A marca da maldade“, entre outros. O filme primeiro de Louis Malle, travestido de “noir“, compartilhou a elegante aura da Paris de meados do século XX e ressonou suas boêmias melodias, as quais abrilhantaram ainda mais a obra.

Quando um improvável imprevisto impede uma impiedosa impropriedade de imperar. Esta aliteração define “Ascensor para o cadafalso“, um clássico do cinema francês.

O trailer legendado em português segue abaixo.

Adriano Zumba


2 comentários Adicione o seu

  1. Maria Lins disse:

    Saborosa descrição. Assisti há tantos anos… Deu vontade de assistir de novo.

    Curtido por 1 pessoa

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