Yeh Jawaani Hai Deewani (2013)

País: Índia

Duração: 2 h e 40 min

Gêneros: Comédia, drama, musical, romance

Diretor: Ayan Mukerji

IMDB: www.imdb.com/title/tt2178470/


Difícil assistir a uma comédia romântica indiana, na verdade um filme masala indiano, e não se divertir. “Yeh Jawaani Hai Deewani“, também chamado de “YJHD“, além de proporcionar entretenimento leve e dinâmico, mexe com temáticas de interesse de todos e deixa muitas mensagens, até reflexivas, para seus espectadores. É um filme que, apesar de sua longa duração, tem um roteiro fluido e ágil, principalmente pelo seu protagonista, Bunny – aliás, nome melhor não poderia ter sido escolhido, pois, traduzindo do inglês, bunny significa coelho, que é um animal que denota agilidade.

A história gira em torno de 4 personagens principais: Bunny, Avi, Aditi e Naina. Os três primeiros são amigos inseparáveis que adoram aventuras, e Naina é uma garota séria, estudante de medicina, “presa” pelos pais, os quais procuram direcionar o foco da filha sempre para os estudos. Precisando de um pouco de emoção em sua vida, Naina foge de casa e vai para uma viagem radical para praticar alpinismo. Nessa viagem, reencontra os outros 3 personagens, que eram seus colegas de escola. Então, uma grande amizade e paixões arrebatadoras surgem nesse encontro que mudará a vida de todos. Após essa aventura, a vida de cada um segue seu rumo, mas, um dia, um evento reúne novamente os 4 personagens, e o resultado é imprevisível.

Uma boa parte da narrativa é contada em flashbacks e, logo após, ela volta para o momento atual. Esse interstício de tempo é usado para fazer correlações entre as vidas dos personagens nos dois momentos distintos. Os argumentos mais fortes que são trabalhados na história são os sonhos e as escolhas da vida de cada um deles e, como conseqüência, o dilema que se instala por conta disso. O ato de escolher denota mais de um caminho a ser seguido, incorpora riscos e, por conseguinte, ganhos ou perdas. Os sonhos, na seara profissional, amorosa ou qualquer outra, são a força-motriz para pessoas determinadas, que, por vezes, passam por cima de tudo, em ações até prejudiciais a elas mesmas ou a outrem, em nome da realização de seus desejos mais profundos. Depreende-se que escolhas e sonhos são palavras que devem se complementar, sempre buscando harmonia, para que não se tornem antagônicas e causem sofrimentos às pessoas. O roteiro trabalha muito bem com a dúvida, que, diga-se de passagem, é bastante normal em várias decisões, principalmente aquelas consideradas mais importantes. A vida provê alternativas, e, no filme, amizades são perdidas e amores não são correspondidos nos caminhos seguidos pelos personagens, mas, felizmente, há tempo e oportunidade para sanar as consequências de determinadas escolhas. A vida é feita de escolhas, e, às vezes, não há uma segunda chance.

Há, também, o foco no amor entre pessoas diferentes. Sugere-se que não é necessário que as pessoas se juntem apenas pelas suas semelhanças – não é necessário se juntar com um clone. As diferenças entre as pessoas são naturais, e até salutares, no sentido de as levarem a trabalhar a aceitação e a resolução de problemas. Nesse ponto, além do relacionamento de Bunny e Naina, pessoas completamente diferentes, mas que se amam, há, também, a história entre Avi e Aditi, que traz à baila, mais uma vez, uma escolha e os riscos nela embutidos. Sugere-se, também, que o amor não move montanhas. A racionalidade pode ser considerada em vários momentos em detrimento do sentimento. A busca de um relacionamento no qual haja um entendimento entre as partes pode ser mais saudável do que outro que proporcione altas emoções, mas não seja tão seguro. Como visto, há duas relações completamente diferentes, e o filme trabalha muito bem cada uma delas, oferecendo sempre alternativas para a manutenção ou o abandono desses relacionamentos.

Como já citado anteriormente, “YJHD” é um filme que deixa mensagens. Duas delas me chamaram a atenção. A primeira se refere a nosso passado. Nunca subestimemos o poder de nossas memórias, dos fatos prazerosos e boas pessoas que, de alguma forma, marcaram nossas vidas. Devemos tentar guardar as boas memórias, pois elas têm uma capacidade enorme de dar um afago em nossos corações, e fazer de tudo para esquecer as ruins, que podem deixar sequelas para o resto de nossas vidas. Nossa vida é um livro composto por páginas tristes e alegres. Que possamos, se possível, emoldurar as alegres e queimar as tristes, em nome da felicidade. A segunda mensagem se refere a aproveitar os momentos com as pessoas de quem gostamos sempre que pudermos, afastando subterfúgios para adiar encontros e possibilidades. O amanhã pode não existir, para nós ou para quem amamos. No filme, Bunny perde um ente querido e, por força de seu trabalho, só fica sabendo do falecimento alguns dias depois, pois ele deixa sua zona de conforto e dedica todos os seus esforços para realizar seus sonhos profissionais e escolhe dar pouco valor às pessoas que o amam. Notem aqui, novamente, a temática das escolhas versus sonhos e suas implicações.

Por trás de um filme em que predominam o romance e a comédia, com números musicais abundantes e belíssimos, que apresenta a alegria e a liberdade como seus principais marcos, temos, na verdade, uma obra que evidencia valores e sentimentos humanos, principalmente o amor e a amizade. É um filme jovem, atual, colorido, divertido, emocionante, com uma bela fotografia e, também, cheio de clichês, mas nem por isso perde sua genialidade. Posso, sem pestanejar, recomendá-lo para toda a família e desejar que apreciem mais essa excelente obra da cinematografia indiana.

O trailer segue abaixo.

Adriano Zumba


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