Corações de ferro (2014)

Título original: Fury

Países: Estados Unidos, China, Reino Unido

Duração: 2 h e 14 min

Gêneros: Ação, drama, guerra

Elenco Principal: Brad Pitt, Shia LaBeouf, Logan Lerman

Diretor: David Ayer

IMDB: http://www.imdb.com/title/tt2713180/


Opinião: “Just another good american war movie!”


Um tanque de guerra chamado Fury – o título original do filme – e seus tripulantes, os quais, alegoricamente, têm os corações feitos de ferro – o título adotado no Brasil – e representam o coração da máquina, são os personagens principais desse bom filme de guerra. Notem que o termo “de ferro”, além de remeter ao material de que é feito o tanque, metaforicamente, também representa a falta de sentimentos da tripulação, por estar inserida em um contexto de beligerância e, por conseguinte, lutando pela sobrevivência. Na guerra, é matar ou morrer! Não há espaço para sentimentalismo. Finalmente um título com uma “tradução” inteligente para o português – algo raro de se encontrar no meio cinematográfico brasileiro!

A sinopse, retirada da internet e com adaptações, é a seguinte: “Durante o final da Segunda Guerra Mundial, o sargento Don “Wardaddy” lidera um grupo de apenas cinco soldados americanos encarregado de implementar missões de guerra em terras alemãs. Em um tanque Sherman, os homens enfrentam uma missão mortal. Apesar da desvantagem numérica, falta de armas e de um soldado inexperiente, “Wardaddy” e seus homens se movem em um ataque espetacular no coração da Alemanha nazista.”

“Corações de ferro” é um primor audiovisual – nada mais do que o esperado para a indústria americana acostumada a produzir filmes de guerra -, mas o mesmo não pode ser atribuído ao roteiro. Cenários, figurino, maquiagem, fotografia, efeitos sonoros e especiais impecáveis mereciam uma história mais envolvente, ao invés de um enredo que só não é mais do mesmo pelo foco em um personagem não convencional, o tanque Fury. O possante e robusto veículo adquire ares de protagonista e funciona tanto como fortaleza ou máquina de guerra, quanto como o lar para os seus tripulantes, para dar um simbolismo maior à sua presença na narrativa. É imperioso destacar o protagonismo desse “ferroso” personagem na cena mais espetacular do filme: a batalha com o tanque alemão, Tiger. Apenas após essa passagem, realmente comprovamos a mensagem textual exibida logo no início do filme, que informa sobre a superioridade dos tanques alemães em relação aos “irmãos” americanos.

Como já comentado, o roteiro deixa a desejar, principalmente pela falta de profundidade narrativa, que, diga-se de passagem, é característica pujante de filmes americanos com essa pegada na atualidade. Há muitos clichês, poucos diálogos, algumas frases de impacto e uma tentativa fracassada de inserir sentimento em meio a um tema tão “irracional”, através do personagem Norman: o soldado novato que passa a fazer parte da tripulação do Fury. Aliás, esse personagem é de longe o mais interessante, pois representa aquele ponto fora da curva, aquele humano em meio às bestas frias e sanguinárias. Mesmo assim, passa por uma adaptação dos pensamentos, ao assimilar a linguagem da guerra e conhecer “na pele” o contexto em que estava inserido. Na guerra, segundo o próprio filme, os ideais são pacíficos, mas a história é violenta.

Outra ressalva é em relação à duração do filme. É muito longo! Bastava retirar uma cena no meio da narrativa que, no meu entender, foi totalmente desnecessária – a cena com as duas mulheres. As cenas de embate propriamente ditas são muito mais interessantes, dada a excelência e competência que Hollywood possui para trabalhar os aspectos técnicos de filmes do gênero. No fim das contas é apenas mais um filme americano de guerra. Indubitavelmente é visualmente espetacular, mas possui uma narrativa bastante pobre, ou seja, é o padrão contemporâneo do cinema americano, entretanto, de qualquer forma, não pode ser desprezado, pois proporciona um bom entretenimento – fácil e satisfatório. Só não há condição de realizar qualquer tipo de comparação com “Platoon“, “Apocalipse Now” e outros filmes americanos famosos de guerra, porque a frustração será garantida.

Para encerrar, parafraseio o título de um filme de guerra produzido em 1930, que é um dos meus preferidos sobre a temática. “Corações de ferro” é um filme envolvente, mas “sem novidades no front” – só o protagonismo de um herói feito de ferro e com óleo correndo “em suas veias”, um tanque.

O trailer, com legendas em português, segue abaixo.

Adriano Zumba

 


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