Te amarei até a morte (2012)

Título original: Jab tak hai jaan

Título em inglês: London Ishq / J.T.H.J.

País: Índia

Gêneros: Drama, família, romance

Elenco Principal: Shahrukh Khan, Katrina Kaif, Anusshka Sharma

Diretor: Yash Chopra

IMDB: https://www.imdb.com/title/tt2176013/


Para quem conhece o cinema indiano, o que acontece quando um personagem de Shahrukh Khan, ou SRK, em filmes masala, está rodeado por belas protagonistas? A resposta é: provavelmente, ele, com seu jeito naturalmente bobo e romântico incondicional, se envolve afetivamente com todas elas e, então, o problema está instaurado. Saliento que o padrão SRK movies se mantém no filme em tela, trazendo aquela sensação de mais do mesmo, entretanto, tais filmes, por motivos que transcendem a lógica, possuem uma força magnética desconhecida, que atrai a atenção dos espectadores, principalmente para quem quer se emocionar e ter um bom entretenimento. A fórmula de sucesso se repete e mostra um dos maiores amores que eu, assíduo espectador do cinema indiano, já assisti num filme dessa natureza. Ao longo de 3 horas de filme, temos uma boa jornada cinematográfica rumo à mais uma história emocionante proporcionada por esse sentimento tão difícil de lidar – e tão essencial para todos – chamado amor.

A sinopse, retirada da internet e com adaptações, é a seguinte: “Samar Anand (SRK), um oficial do Esquadrão Anti-Bombas do Exército Indiano, conhece Akira (Anushka Sharma), uma repórter do Discovery Channel, que quer produzir um documentário sobre Samar, o detentor do recorde de números de bombas desativadas, conhecido como “O homem que não pode morrer”. Ela se apaixona pelo soldado e descobre a história de amor entre ele e Meera (Katrina Kaif), uma garota de Londres que, dez anos atrás, fez a promessa de deixar Samar para sempre, se, em troca, sua vida fossa salva por conta de um acidente.”

Inicialmente, preciso destacar que o roteiro é muito bom, mas cheio de furos, que podem ou não passar despercebidos pelos espectadores. Obviamente, não vou enumerá-los para não dar spoillers, porém, vou indicar uma cena que, no meu entender, é emblemática no sentido de evidenciar grandes discrepâncias em relação a uma situação análoga do mundo real: a cena da bomba no trem, já no final do filme. Apesar de tantas imperfeições, o roteiro é cativante, afinal histórias de amor são cativantes, pois cada um acaba se familiarizando com alguma passagem do filme, com algum detalhe específico. De forma não linear a narrativa leva o espectador a conhecer um amor com ares de surrealidade, no qual a religião tem papel decisivo e definidor – e não é a religião hindu, com suas tradições e costumes travestidos de leis informais. Quando tratamos de amor, quanto mais absurdo é o contexto, mais ele tem o poder de agradar, por mostrar a enorme força desse sentimento, que consegue ultrapassar até os mais difíceis obstáculos.

Temos duas sub-histórias românticas e dramáticas, cujas consequências se misturam no desfecho do filme: a história de Anand e Meera, e a história de Anand e Akira. É fácil depreender que, para o descontentamento das feministas de plantão, o protagonista terá que escolher com qual mulher irá ficar ao final do filme. O contrário – uma mulher escolhendo entre dois homens – seria bastante utópico na Índia, que tem uma sociedade bastante machista e patriarcalista, apesar de eu já ter assistidos a filmes indianos com esse viés. A modernidade nos comportamentos inevitavelmente chegará a todos os cantos do mundo, mas lá, as evoluções nesse sentido andam mais devagar. Voltando para o que interessa, preciso discorrer um pouco sobre o elenco estrelado do filme. SRK dispensa apresentações e atrai automaticamente as atenções – não é à toa que é chamado de Rei da Índia. Mais uma vez, ele tem uma atuação convincente, apesar de eu achá-lo artificial em suas interpretações, principalmente em cenas tristes. No filme em tela, ele, apesar de viver um único personagem em todo o tempo, precisa mostrar dois eus em relação a seu personagem, pelos momentos distintos que Anand vive na narrativa: os momentos pré-Meera e pós-Meera. Katrina Kaif, intérprete de Meera, é bastante inexpressiva. Realmente, nesse filme, ela vive de sua beleza, que, diga-se de passagem, é estonteante. Finalmente, Anushka Sharma é bastante competente na interpretação de sua personagem ousada e “moderninha” – o que deve levar muita gente a torcer por Akira. Entre mortos e feridos, o contexto geral das atuações proporciona um bom direcionamento para a história.

Ainda preciso salientar que a disputa que Anand trava com Deus concede ainda mais surrealidade à obra. Alguns críticos propuseram até a consideração de um quarteto amoroso: Anand, Meera, Akira e Deus. Achei tudo isso muito estranho, ainda mais num país cujos habitantes temem e respeitam tanto suas divindades, ao ponto de haver interferência direta e absoluta em suas vidas. No meu entender, houve um certo preconceito religioso embutido, pois, como uma parte da história é passada em Londres, cuja população, predominantemente pratica o Anglicanismo – uma religião cristã -, enxerguei um grande desdém de Anand – um personagem indiano – quanto à figura de Jesus Cristo, que é a divindade que Meera – uma personagem inglesa – faz suas promessas. Apesar de o roteiro ser simples, mas provocar boas sensações no espectador, se eu estiver certo em minhas impressões quanto a essa presumida intolerância, considero-a altamente desnecessária. Assistam ao filme, pois realmente vale a pena, tirem suas próprias conclusões e, se quiserem, comentem neste post, pois prontamente responderei. O certo é que vocês terão muita música, muito drama e, sobretudo, muita idealização do amor, regada à uma boa dose de fantasia, que é uma das características do diretor Yash Chopra, que faleceu após o lançamento do filme -“Te amarei até a morte” foi seu canto do cisne.

– “Todo amor tem a sua hora.”

O trailer segue abaixo.

Adriano Zumba

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