Bohemian Rhapsody (2018)

Países: Reino Unido, Estados Unidos

Duração: 2 h e 14 min

Gêneros: Biografia, drama, música

Elenco Principal: Rami Malek, Lucy Boynton, Gwilym Lee

Diretor: Bryan Singer

IMDB: https://www.imdb.com/title/tt1727824/


Penso que a percepção que o espectador terá ao assistir a “Bohemian Rhapsody” será proporcional ao grau de conhecimento em relação à vida de Freddie Mercury e à banda Queen que cada um possui. Segundo investiguei, o filme conta com um roteiro cheio de imprecisões e inverdades – os chamados “furos” -, entretanto, segundo constatei ao assistir a ele, o filme conta também com uma trilha sonora maravilhosa, composta por uma série de sucessos do quarteto, e uma atuação excelente de Rani Malek, intérprete do protagonista. Dito isso, é natural que os mais entendidos, os fãs e os historiadores teçam uma série de críticas negativas, e os demais, digam-se, os amantes da música e do cinema e os espectadores comuns desprovidos de pré-julgamentos, que vão ao cinema simplesmente em busca de entretenimento, achem uma obra-prima ou, no mínimo, uma ótima jornada cinematográfica, nem que seja pelas músicas. Não se trata de uma produção fidedigna à história – e talvez esse realmente não tenha sido o propósito -, pois o diretor preferiu utilizar a liberdade criativa que lhe é inerente para fazer uma adaptação divergente em alguns pontos, mas competente de parte da vida e do legado artístico daquela figura tão excêntrica e extravagante como foi Freddie Mercury. Independentemente de qualquer aspecto, o filme proporciona um resumo eficiente e simplista, na medida do possível, do recorte histórico que ele se propõe a fazer. Não deixa de ser uma grande e nostálgica homenagem à Freddie, ao rock n’ roll e à música.

A sinopse, retirada da internet e com adaptações é a seguinte: “Freddie Mercury e seus companheiros, Brian May, Roger Taylor e John Deacon mudam o mundo da música para sempre ao formar a banda Queen durante a década de 1970. Porém, quando o estilo de vida pitoresco de Mercury começa a sair do controle, a banda tem que enfrentar o desafio de conciliar a fama e o sucesso com suas vidas pessoais cada vez mais complicadas.”

É um filme que começa e termina no mesmo ponto: um dos momentos em que o Queen mais brilhou em sua existência, os 20 minutos no Live Aid – um show beneficente realizado no Estádio de Wembley, em 1985, para angariar fundos para as vítimas da fome na África. O ponto alto do filme é realmente as músicas. Difícil não eriçar os pelos ao escutá-las dentro do contexto de realidade proposto, entretanto, como não se trata de uma obra musical, e sim cinematográfica, portanto devemos nos ater aos fatos mostrados na narrativa e como eles foram desenvolvidos. Considero que há uma superficialidade pungente na parte dramática do enredo. Há realmente muita coisa a ser explorada na vida do protagonista: sua relação com os pais, companheiros de banda, produtores e parceiros amorosos; sua orientação sexual; o impacto da AIDS em sua vida; sua solidão; sua presumida autossuficiência e seu jeito próprio de encarar as vicissitudes. Talvez, a magnitude de pontos de interesse que existem seja o motivo pelo qual o roteiro não entre num nível de detalhamento maior. De qualquer forma, esse viés resumido colaborou bastante nas passagens relacionadas à doença do protagonista. Eu temia que houvesse um lado apelativo concernente a esse fato, mas, para minha satisfação, ele foi retratado inteligentemente – e rapidamente -, de forma que o filme não partisse para um sentimentalismo forçado. Destaco também a quantidade de frases de impacto que são soltadas aos ventos pelo protagonista ao longo do filme. Muito boas gargalhadas à vista!

E o que falar de Rani Malek? Simplesmente perfeito! Forte candidato ao Oscar de melhor ator em 2019. Devido à complexidade do personagem, foi realmente uma atuação excelente – extravagente na medida certa, ou seja, em grande quantidade. Em muitas vezes veio à minha mente a imagem real de Freddie Mercury, as quais guardo em minhas memórias musicais, principalmente aquelas do Rock in Rio. Isso é um ótimo sinal, pois até mesmo os detalhes faciais foram representados com eficiência. Essas mínimas características contribuem para conceder autenticidade à obra.

É bom perceber que não se trata de um documentário, e sim uma cinebiografia, no entanto uma junção com vídeos reais proporcionaria uma dose maior de emoção e a oportunidade de oferecer uma base de comparação ao espectador. Mesmo sendo uma cena emocionante e muito bem construída, pois o espectador já está abraçado e envolvido pela narrativa, sinceramente, o Live Aid poderia ter sido mostrado através de suas reais gravações – assim como foi feito na cinebiografia de Chaplin e a entrega do Oscar a ele. Seria o fechamento de ouro, mas preciso realmente aplaudir toda a produção de “Bohemian Rhapsody“. É um filme que cativa, principalmente por apresentar um dos artistas mais espetaculares da história, um dos artistas que mais sabia interagir com seu público, um show man, um músico sui generis chamado Freddie Mercury. Enquanto existir música, Freddie lives forever. Segundo o marketing do filme: “a única coisa mais extraordinária que a sua música é a sua história”. Confiram e apreciem, pois é uma obra cujos defeitos são pouco relevantes e cujas qualidades são muito arrepiantes, literalmente!

O trailer, com legendas em português, segue abaixo.

Adriano Zumba


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