Resenha: Mirai no Mirai (2018) do Mamoru Hosoda o estampa na linha de frente dos cultuados animadores do Japão!

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Mamoru Hosoda está entre um dos proeminentes  diretores de animação do Japão. E é visto como um forte representante para suceder o legado de Hayao Miyazaki e Isao Takahata; esse último faleceu em 5 de abril de 2018 e quanto ao Miyazaki, existem boatos que ele está a trabalhar em alguns projetos com seu filho Goro Miyazaki.  Esses grandes nomes estão por trás de animações sublimes do Studio Ghibli  como; A Viagem de Chihiro (2001), primeiro longa animado japonês a vencer um Oscar, e Túmulo dos Vagalumes (1988) um emocionante filme sobre os efeitos da 2º guerra mundial na vida de dois irmãos.

Fora desse cenário ‘Mundo Ghibli’ em 12 de outubro de 1963 em  Hokkaido no Japão nascia o Satoshi Kon; um grande cineasta animador que em suas obras corriam suas pinceladas psicológicas  e freudianas; Paprika (2006) e Perfect Blue (1997) impactou o cinema mundial, sendo referências a grande obras cultuadas hoje em dia; como ‘Inception’ do Christopher Nolan e “Black Swan’ do Darren Aronofsky. Seu jeito único de traçar tramas sob a linha tênue entre subconsciente e a realidade fez dele um grande nome a ser acompanhado ao redor do mundo. Porém em 2010 ele morre prematuramente, vitima de câncer no pâncreas. E o vazio deixado ecoa por aqui no ocidente. Pergunta que ficou é; ‘Quem vai aquecer esse mercado rico culturalmente que foi o das animações japonesas com suas múltiplas técnicas e gêneros  ? ‘  Bem, está vindo uma leva de jovens diretores para emancipar essa questão, como: Masaaki YuasaMakoto Shinkai, Naoko Yamada e o Mamoru Hosoda, esse último é o que aprofundarei aqui; depois do incrível O Rapaz e o Monstro (2015) – Bakemono no ko (titulo original ) Hosoda lança o encantador Mirai no Mirai (2018) o primeiro filme de animação não-Ghibli do japão a ser indicado na categoria do Oscar de Melhor Animação. O longa ainda levou o prêmio de ‘Melhor Filme Animado Independente‘ no Annie Awards 2019!

Se olharmos a cinematografia do Mamoru Hosoda, vemos que o diretor se sente mais confortável em desenvolver relações cotidianas submersas na fantasia;  ele consegue  traçar os mais diversos gêneros para moldar sua particularidade. E, em Mirai no Mirai  vemos uma florescente situação desconfortável para o primogênito Kun, que se ver obrigado a ceder seu espaço com sua mais nova irmã, Mirai. A ideia lhe pareceu interessante porém, ele se vê deslocado num ambiente que até então era seu por completo. Sozinho, disperso em sua casa, ele vai evocar suas angustias que irá coloca-lo de frente com sua irmã do futuro, e essa aventura irá fazer ele se deparar com linha de sua história; traçada no tempo.

Com isso, Kun vai revisitar o passado e dialogar com o futuro, o que irá trazer mudanças ao seu presente. Essas camadas de afetividades ao rememorar o passado de sua família irá leva-lo a olhar para si. Com isso, Mamoru buscar estampar o amadurecimento não só de Kun, mas de toda sua geração. Trazendo a ideia de que nós vestimos de um amontoado de roupas, de nossos antepassados; onde pegamos o que melhor nós cabe.

Toda a trama está envolta de uma técnica visual incrivél; que conversa muito com os filmes anteriores do diretor, trazendo referências claras em personagens e cenas.  É muito bonito de ver; os cenários de fundo pintados a mão não se entregando muito ao CGI, a escolha das cores se entrelaçando as emoções expostas, compondo o espaço e tempo dos acontecimentos. Já a trilha sonora em alguns momentos peca, é exagerada, e incomoda pois passa a ideia que o som não carrega toda a parte técnica grandiosa do filme.

Portando mesmo sendo um tema clichê,  o toque ‘Hosoda’ dá uma exclusividade a obra; trazendo seu mundo  fantasioso e, muito pessoal; de forma delicada e cheia de emoção, ao tratar dessas relações que dialoga universalmente com o expectador; Mirai no Mirai de alguma forma aquecer seu coração, sendo rememorado por um bom tempo, se permita!

Ainda sim, de todos do diretor que vi, esse é o mais fraco. E estou muito contente e esperançoso com o seu potencial, e, aguardando ansioso pelo seus novos projetos que de fato irá coloca-lo mais ainda a frente do mercado de animações japonesas.

Trailer:

Nota: 8,0/10

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